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Ponto de Vista do Batista
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O porquê do cumprimento entre pessoas

Nylton Gomes Batista

Há algum tempo, o tema de hoje foi aqui abordado, mas por ser assunto recorrente e sempre atual, nova abordagem se faz, considerando ainda não ser o público leitor o mesmo de anos atrás, pois ele está em constante renovação.

Cumprimentar alguém, pela manhã, à tarde ou à noite parece uma ação trivial, automática, porém carrega um significado profundo nas interações humanas. Desde tempos imemoriais, um simples “bom dia” representa muito mais do que palavras: é um gesto de reconhecimento, respeito e até mesmo de empatia. Mas de onde vem esse costume? Por que alguns evitam cumprimentar e não querem ser cumprimentados? E qual é, afinal, o seu efeito no dia a dia?

O hábito de cumprimentar, ao longo do dia, remonta às antigas civilizações, quando a saudação oral simbolizava cordialidade e segurança. Povos antigos, como os romanos e os gregos, já se valiam de formas para cumprimentar ao amanhecer, como sinal de paz e prosperidade. O “bom dia” evoluiu das saudações matinais, que reforçavam laços entre indivíduos, afirmando que aquele encontro não representava uma ameaça, mas uma oportunidade de troca. Na Idade Média, o cumprimento era demonstração de respeito entre diferentes classes sociais, além de submissão às classes acima. Reis e nobres possuíam saudações específicas, enquanto plebeus e comerciantes desenvolviam expressões próprias para indicar boa vontade.

Com o passar dos séculos, a saudação diária se tornou parte da etiqueta social, sendo considerada um gesto de urbanidade e educação. O cumprimento pessoal, ao longo do processo de evolução da sociedade, deixou de ser mera formalidade, para se tornar reconhecimento da existência do outro, criando uma conexão, ainda que breve. Ao se dizer “bom dia”, afirma-se que aquele momento tem importância e que a presença da outra pessoa merece ser notada. Cumprimentar está entre os primeiros passos para iniciar qualquer tipo de interação positiva. O simples ato de saudar alguém, com um sorriso, pode ser o início de um relacionamento interpessoal mais agradável, em qualquer momento e circunstância. No fundo, cumprimentar é validar a presença do outro no mundo. Pode parecer detalhe menor e, no entanto, cumprimento dirigido a alguém pode fazer a diferença no funcionamento da sociedade. Um ambiente onde as pessoas se cumprimentam tende a ser mais acolhedor e harmonioso. O ato de dizer “bom dia” pode quebrar barreiras invisíveis, dissipando tensões e promovendo proximidade. No meio corporativo, por exemplo, saudar colegas pode favorecer o clima organizacional e até aumentar a produtividade.

Além disso, o cumprimento diário tem um efeito psicológico poderoso. Receber uma saudação logo pela manhã, ao alvorecer, pode melhorar o humor de alguém, gerar bem-estar e, de certa forma, estabelecer um pequeno vínculo afetivo, ainda que passageiro. Isso ocorre porque o cérebro interpreta a saudação como um gesto de reconhecimento social, ativando áreas relacionadas ao prazer e à segurança. Acima de todas estas considerações, o cumprimento interpessoal sincero, especialmente o matinal, situa-se como oração, a despeito do credo professado ou da ausência dele. O “bom dia” sincero é um pedido, a Deus, de proteção para a outra pessoa, para que ela tenha saúde e obtenha sucesso em suas atividades. Sabendo-se que o autor de pedido sincero, formulado para outrem, pode ser também beneficiado, conclui-se que o cumprimento interpessoal é, altamente, positivo à vida de todos. Contudo, se há os que apreciam os olhos, há uma minoria na preferência da remela! Esse grupo não cumprimenta e não gosta de ser cumprimentado! Se um grunhe algo em resposta, outro vira a cara para o lado contrário, um pouco antes do encontro. Há também os que se fingem de cegos, surdos e mudos; simplesmente ignoram o semelhante e se seguem seu caminho, como se nada houvesse acontecido. Por que há pessoas que rejeitam o cumprimento? Embora seja um gesto amplamente aceito, o cumprimento não agrada a todos. Especialistas apontam razões de natureza psicológicas e sociais. Pessoas mais reservadas podem se sentir desconfortáveis, ao cumprimentar ou serem cumprimentadas, por não saberem como reagir. Há também quem veja tais pessoas como vítimas de interações desagradáveis, no passado, daí surgindo uma espécie de bloqueio contra a saudação interpessoal. Eu, particularmente, suspeito que tais pessoas têm mesmo ´é medo de a língua cair da boca!

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