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Moradores da Vila São Vicente e empresários do Chácara debatem duplicação da BR-356 em reunião

Moradores da Vila São Vicente e empresários do Chácara debatem duplicação da BR-356 em reunião

Raquel Aparecida também uma das representantes da Comissão de Moradores da Vila São Vicente. Imagem: Amanda de Paula Almeida

Por: Amanda de Paula Almeida 

Na noite desta quarta-feira (7), membros da Comissão de Moradores da Vila São Vicente se reuniram com empresários e residentes do bairro Chácara para debater os impactos da duplicação da BR-356. Durante o encontro, representantes da Comissão e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) explicaram questões técnicas envolvendo a concessão da rodovia e os impactos socioeconômicos que poderão ser causados com o leilão previsto para o início de julho.

Representantes presentes na reunião

A representante do MAB, Letícia Oliveira, destacou a importância da transparência durante processos de privatização e ressaltou a necessidade de mobilização de todos que serão atingidos pela concessão que busca viabilizar a duplicação total da BR-356 e trazer outras reformas no trecho que liga a MG-329, em Rio Casca, passando pela MG-262 e BR-356, até a BR-040, em Nova Lima. Letícia Oliveira também levantou que, do custo total de R$ 6 bilhões do valor do projeto, R$ 2 bilhões vêm do acordo de repactuação pelo rompimento da barragem de Mariana: “Tem que respeitar o direito das pessoas que já estavam aqui antes, já viviam aqui antes da duplicação. Essa é a grande questão: como que a repactuação, que é para resolver o problema, gera outros problemas?”, destacou Letícia.

Nenhuma autoridade municipal compareceu à reunião. Presente no evento, César Moreira, assessor parlamentar do deputado estadual Leleco Pimentel (PT), representou também o deputado federal Padre João (PT). Moreira destacou a necessidade de que as obras de duplicação considerem os impactos sobre as populações e a economia local, especialmente por se tratar de um projeto que utilizará recursos provenientes da repactuação, cerca de um terço do valor total do investimento.

“O questionamento que eu estou falando é o seguinte: esse dinheiro tem que ser fiscalizado e muito bem acompanhado, de modo que, no projeto a ser executado, priorize, se é que é para beneficiar o povo, priorize em primeiro lugar as populações que serão atingidas diretamente”, destacou.

Paulo Pereira, empresário do bairro Chácara, alertou sobre a falta de informação entre moradores e comerciantes quanto aos impactos da duplicação, que afetará toda a região, não apenas as áreas próximas à BR-356. “Eu acho que todos os moradores aqui deveriam ser comunicados, não só os da beira da BR, não só o comércio. Todos os moradores, não é só o pessoal da margem da BR que vai ser afetado. Vão ser todos. Então, eu acho que todos deveriam ser comunicados. Eu, como comerciante, me proponho a ajudar a fazer panfletos, a manifestar mais, a gritar mais e expor mais para os próprios bairros”.

Ele também enfatizou a importância da união entre os movimentos populares para cobrar medidas urgentes. “O caso realmente é sério e vai acontecer. E depois que acontecer, não adianta a gente chorar o leite derramado. Aí acabou. Então, isso que eu tô querendo dizer para as pessoas que estão aqui no comércio e antes da Chácara aqui em si. Vamos ajudar a divulgar, vamos ajudar a mostrar o que que tá acontecendo”, concluiu Pereira, destacando a necessidade de mobilização imediata.

Situação da Vila São Vicente e duplicação da BR-356

A situação dos moradores do bairro Vila São Vicente, em Passagem de Mariana, é peculiar e já se arrasta desde 2018, quando o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) começou a fiscalizar as construções dentro da faixa de domínio da BR-356. Com isso, os moradores se mobilizaram em protesto e, em 2019, a área foi municipalizada. Entretanto, voltou para a administração federal em 2022, retomando a insegurança da população local que questionam sobre o futuro de suas residências. Entretanto, o projeto que poderá dizer quais imóveis serão desapropriados só será feito após a privatização e pela empresa responsável pela concessão. Sendo que a etapa de desapropriação está prevista para 2030.

As obras, inicialmente previstas para serem concluídas em oito anos, foram antecipadas para seis anos no primeiro ciclo, com um segundo ciclo de investimentos programado para o 15º ano, quando a MG-329 entre Ponte Nova e Rio Casca será totalmente duplicada. O edital também prevê o reforço na segurança com a correção de 23 km de curvas críticas, a implantação de 11 passarelas, 124 pontos de ônibus, uma área de escape em Itabirito para evitar acidentes em declives acentuados, e viadutos em áreas urbanas. Outra mudança apresentada é a substituição de rotatórias consideradas perigosas por dispositivos mais seguros, de modo a assegurar trafegabilidade e reduzir riscos para os usuários.

Outro grande ponto do edital que costuma causar revolta são os quatro pedágios previstos (Itabirito, Ouro Preto, Acaiaca e Ponte Nova) com tarifa de R$ 5,58. Segundo o projeto, veículos de transporte público intermunicipal, ambulâncias, viaturas policiais e veículos oficiais terão isenção da tarifa. Enquanto usuários frequentes das rodovias podem alcançar um progressivo de até 64%.

Moradores, comerciantes e membros de lutas organizadas participaram da reunião. Imagem: Amanda de Paula Almeida

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