Bloco Zé Pereira da Chácara tem quase dois séculos de história. Imagem: Amanda de Paula Almeida
Por: Amanda de Paula Almeida
Na última sexta-feira (20), a sede da Organização Folclórica Zé Pereira da Chácara foi alvo de uma tentativa de invasão e furto. Indivíduos ainda não identificados tentaram entrar no espaço e levar materiais essenciais utilizados na confecção dos tradicionais bonecos, além do botijão de gás usado nas atividades da sede.
O incidente foi parcialmente interrompido por um grupo de adolescentes que jogava futebol na quadra vizinha. Ao avistarem um homem não identificado saindo do local carregando um compressor de tinta, iniciaram uma perseguição. Intimidado, o suspeito abandonou o equipamento no local e fugiu.
“A princípio, seria apenas uma tentativa de roubo, mas, passando o tempo, organizando a bagunça que eles deixaram, sentimos a falta da escada de alumínio, da caixa de ferramentas e de um som bem antigo, onde escutávamos a rádio. Eles com certeza vieram antes, levaram os pertences, encostaram a porta e voltaram”, relatou um dos diretores do bloco, Diego Malta, em conversa com O Liberal.
Entre os materiais ameaçados estavam itens doados com muito carinho pelo Grupo 3T durante o carnaval do ano passado, “doações que foram fundamentais para a continuidade dos nossos trabalhos e para manter viva a chama da tradição que carregamos com tanto orgulho”, como destaca o grupo.
Os suspeitos teriam arrombado a porta da sede, danificando o tambor do mecanismo de fechamento para conseguir entrar. A Polícia Municipal foi acionada e registrou a ocorrência. Além disso, a diretoria do bloco já entrou em contato com o prefeito de Mariana, Juliano Duarte (PSB), e com o secretário de Cultura, Eduardo Batista, solicitando reforço na segurança do complexo que abriga não só a sede do Zé Pereira, mas também três quadras esportivas, a associação e a banda do bairro. “Irei abrir um PRO e enviar ofícios para eles, para ver se conseguimos uma reunião sobre o assunto, mas ainda não temos nada concreto”, explicou Diego Malta.
A organização, que mantém viva uma tradição centenária na cidade, já havia manifestado preocupação com a segurança do local há dois anos, solicitando a instalação de câmeras de segurança e a presença de vigilância no Complexo Desportivo da Chácara. “Diante do atual momento e da atenção que a cultura tem recebido em algumas frentes, acreditamos ser possível avançar também nesta demanda”, destacou o bloco em nota divulgada nas redes sociais.
Apesar do ocorrido, os integrantes do Zé Pereira da Chácara afirmam que continuarão suas atividades. “A população é, de fato, nosso maior patrimônio. Ferramentas e materiais, com dificuldades, podemos comprar outros. As diretorias passam, mas o apoio, a participação e o carinho dos moradores e amantes do bloco é o que nos faz querer, cada dia mais, fazer história nesse bloco tão querido”, finalizou o diretor, destacando o incentivo popular que o bloco de quase dois séculos recebe.
Grupo é um dos mais tradicionais do Brasil. Imagem: Amanda de Paula Almeida