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Carta aos Tempos
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O Brasil, na COP 30, precisa mostrar que tem responsabilidade climática

Mauro Werkema

Todo o mundo precisa se reunir para enfrentar o que é o maior desafio de toda a Humanidade: a crise climática, que ameaça a vida no planeta. Pela trigésima vez, reúnem-se — agora no Brasil, com a COP-30, em Belém — todos os países com responsabilidade solidária nos esforços para que o mundo possa, em tempo breve, adotar iniciativas eficazes para interromper a destruição da natureza que abriga a vida no planeta comum. Para isso, de maneira coordenada, é preciso evitar a destruição da cobertura vegetal, eliminar toda forma de poluição do ar, cuidar dos rios, descarbonizar a economia, evitar o consumo de combustíveis fósseis e coibir ocupações territoriais e urbanas desordenadas e destrutivas ao meio ambiente. E, o que não é fácil, investir — e muito — nessas providências que, afinal, são de responsabilidade de todos.

Nas 29 reuniões anteriores, especialmente na COP de Paris, foram traçadas e aprovadas metas para conter a mudança do clima e seu financiamento. Esta é, na COP de Belém, que ocorre em poucos dias, a principal responsabilidade de todos os países que já sentem que a crise climática chegou e causa desastres que, segundo todas as previsões científicas, tendem a se agravar com novos eventos ambientais, nas diversas formas em que se apresentam — inclusive no Brasil. É preciso mostrar ao mundo que a Floresta Amazônica, um dos pulmões da Humanidade, vem sendo preservada — o que não é tarefa fácil, pois a destruição da mata ainda é elevada, pelo fogo e pela ação criminosa de diversos exploradores.

Mas, principalmente, o mundo precisa assumir compromissos objetivos e responsáveis com a transição energética: substituir os combustíveis fósseis, adotar as energias solar, eólica, hidráulica e outras fontes renováveis — o que demanda muitos investimentos e também a educação das populações, tarefa complexa e difícil. Sabemos que não são missões fáceis, exigem educação comunitária, efetivas iniciativas governamentais e a cooperação de todas as instâncias do poder público — Executivo, Legislativo e Judiciário. E mais do que isso: é necessário motivar empresários a mudar modelos industriais para uma nova economia, com maior cuidado com fontes poluentes, de baixo carbono, não destrutivas da natureza, e com adoção de novas tecnologias. Não são tarefas simples, nem de curto prazo.

É preciso que a COP mostre ao mundo que a crise climática é real, já se manifesta e tende a se tornar mais destrutiva à vida e à natureza — como a elevação da temperatura, inclusive dos oceanos, a alteração dos regimes climáticos anuais, das chuvas, do calor e dos ventos, com prejuízos para as lavouras, tempestades que destroem cidades e florestas, inundações e transbordamentos de rios. O mundo, como a crise revela e atesta, é um sistema interconectado de vida e sustentabilidade, que se torna frágil e se altera com desastres que tendem a se ampliar, como preveem cientistas e instituições que estudam e acompanham a evolução da crise em todo o mundo. As previsões são alarmantes e convergem em apontar que os efeitos se aceleram porque as mudanças necessárias estão muito lentas, apesar de todas as recomendações.

O Brasil tem uma responsabilidade maior: demonstrar que está preservando a Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, ainda submetida a desmatamento incontrolável e criminoso. E que enfrenta um problema extremamente poluente, especialmente o garimpo predatório, que invade terras indígenas, destrói rios e polui suas águas. A Floresta Amazônica, sob os olhos do mundo, precisa demonstrar que está protegida, dentro do possível, por esforços governamentais. Substituir práticas predatórias por uma economia de base florestal não é tarefa fácil — exige fiscalização contínua em amplo território e o controle de expansões indevidas do agronegócio predatório.

Ao trazer a COP 30 para Belém, o Brasil assumiu importante e grave compromisso perante todo o mundo. Precisará demonstrar que tem compromissos firmes com a construção de um futuro sustentável, conforme os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), firmados em reuniões anteriores — essenciais para a construção de uma sociedade mais justa e compatível com as mudanças climáticas, hoje a questão mais urgente e grave da Humanidade.

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