Por Nylton Gomes Batista
Quando falo com alguém sobre democracia sem partido, ou DEMOCRACIA ABERTA, conforme a denomino, a pessoa se surpreende diante da possibilidade ou reage, de forma quase inamistosa, chegando alguns a dizer que se trata de uma forma de chegar ao autoritarismo; que não existe democracia sem partido. Os primeiros, percebe-se logo, não têm um contato mais estreito com a política, ou seja, com a política partidária. Os demais podem ter ligação, são filiados a alguma agremiação política ou pretendem ser.
Em todo o mundo, os partidos políticos se assentaram de tal forma, manipulando, controlando e enganando, que a opinião pública reflete a crença fiel de que democracia é assim mesmo; só existe e se mantém por meio do pluripartidarismo, sistema oposto ao do partido único dos regimes totalitários. Acontece que, na verdade, em ambos os casos prevalece o mesmo propósito: o domínio de um grupo sobre toda a população, sobre toda a sociedade. A diferença está no fato de, no totalitarismo, o partido único se perpetuar no poder, fazendo o quer à revelia do povo, e, no pluripartidarismo, dito democrático, os partidos se alternam no poder. A democracia, teoricamente, definida como o “povo no poder”, “o povo a governar por meio de seus representantes”, se apresenta mascarada com os direitos a propriedade, de ir e vir, livre expressão, imprensa livre e outros mais, mas isso não a constitui; são seus “acessórios”. Se o Brasil vivesse uma democracia, de fato, um poder da República não estaria a suprimir alguns de tais “acessórios”, na vida de alguns cidadãos.
Aparentemente, a democracia sem partidos não é cogitada pela sociedade como aplicável, tendo em vista o assunto não ser visto e nem ouvido na mídia, porém não é bem assim pois, há mais de dez anos, pesquisa revelou que 45% dos entrevistados abjuravam partidos e sonhavam com uma democracia sem eles. Isso ficou patente nas manifestações de 2013, quando faixas diziam que “povo unido não precisa de partido”, e, nas mais recentes, quando multidões lotaram praças, avenidas e ruas, sem qualquer alusão a partidos. Na verdade, eleitor brasileiro sempre considerou mais o candidato do que o partido.
Engana-se também quem pensa ser nova a ideia da democracia sem partido. Aliás, nada é novo no universo; só porque não é visto ou sentido não quer dizer que não existe! Democracia sem partido ou democracia aberta, já era imaginada por Simone Weil, filósofa francesa, de família judia, em notas datadas de 1940, já em pleno avanço das tropas nazistas sobre a Europa. Na visão da filósofa, os partidos “são máquinas de produzir paixões coletivas; são organizações construídas para exercer pressão sobre cada um de seus membros; têm como finalidade única produzir seu próprio crescimento.” Ela ainda acrescenta: “Graças a essas três características, todo partido é totalitário em germe e em aspiração”. Quanto ao tamanho aspirado por qualquer partido, Simone Weil deixou registrado: “Nunca se conceberá que, em algum momento, um partido tenha um número excessivo de membros, de dinheiro, de votos.” A filósofa Simone Weil encerra, lançando os partidos à vala comum, quando diz: “Se confiássemos ao diabo a organização da vida pública, ele não poderia imaginar nada mais engenhoso”, “A extinção de todos os partidos políticos resultaria em bem puro”. Se em seu tempo os partidos se lhe apresentavam com essa imagem, imagine-se, ela, hoje, no Brasil, o que diria, o que faria!
Ela não conheceu a corrupção organizada, como conhecemos; corrupção que, combatida, teve algumas quadrilhas presas, julgadas, condenadas, mas no que deu? Ficou o dito pelo não dito e o povo com cara de tacho! Estão “descondenados”, ainda poderão ser condecorados e receber pensão indenizatória! Alguém duvida? O resultado da Lava-jato mostra, claramente, que o combate à corrupção dentro desse sistema corrupto é como enxugar gelo! O combate tem que ir à raiz do problema, extirpá-la com a extinção dos partidos e consequente abertura da democracia ao povo. Se eleito um candidato com coragem e visão política, em consonância com a pretendida retidão na administração pública e com os novos e afins recursos tecnológicos, o Brasil poderá sair à frente, retirando de cena os partidos políticos e colocando o povo em relação direta com seus representantes e com o Poder Executivo, nas três esferas administrativas do país.
PARTIDOS POLÍTICOS JÁ FIZERAM MAL DEMAIS À HUMANIDADE!