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Ouro Preto: Saberes do Reinado são Patrimônio Cultural do Brasil

Ouro Preto: Saberes do Reinado são Patrimônio Cultural do Brasil

Imagem: Marcos Delamore

Por: Marcos Delamore

No dia 17 de junho, o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, órgão filiado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), conferiu o título oficial de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil aos Reinados, Congadas e Congados de Ouro Preto.

Ouro Preto carrega o título de ser a primeira cidade brasileira a ser reconhecida como Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, em 1980, e agora ressalta ainda mais o seu valor histórico e sua relevância para a cultura do país. A preservação das expressões artísticas e das manifestações culturais evidencia a promoção da igualdade racial e o resgate da ancestralidade, atrelado com as conexões advindas dos traços identitários afro-brasileiros e de aspectos culturais e simbólicos da religiosidade de Ouro Preto.

Na Casa de Cultura do bairro Alto da Cruz, o prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo (PV), anunciou, junto ao diretor de Promoção da Igualdade Racial em Ouro Preto, Kedison Guimarães, a decisão que beneficia e preserva um importante bem cultural ouropretano, brasileiro e mundial.

“Patrimônio Cultural do Brasil. Esse é o título que acaba de ser atribuído aos Congados e Moçambiques de Minas Gerais pelo Conselho Nacional de Patrimônio Cultural. Um título muito importante porque reconhece como patrimônio de cada brasileira e cada brasileiro essa riqueza de cultura que são os nossos Congados e Moçambiques”, revelou Angelo.

Desde 2019, a cidade histórica concedeu a outorga de Patrimônio Imaterial à Festa do Reinado de Nossa Senhora do Rosário, Santa Efigênia e São Benedito. Anualmente, a festividade acontece no mês de janeiro e destaca os saberes e fazeres tradicionais afro-brasileiros, as religiões de matrizes africanas, afro-indígenas e afro-brasileiras, e a importância desses para a formação da cultura, identidade e história do Brasil. O evento é um símbolo de resistência e religiosidade, marcado pelos instrumentos, vestimentas, rituais e encenações. 

O diretor de Promoção da Igualdade Racial em Ouro Preto, Kedison Guimarães, enalteceu a importância dessa valorização fundamental para a preservação de saberes, práticas e valores afro-brasileiros.

“Estamos, aqui, aos pés da Igreja de Santa Efigênia, que é esse grande marco, essa grande memória que o nosso grande ancestral, Chico Rei, deixou para nós. Celebramos, hoje, e a nossa ancestralidade está em festa, celebrar essa grande vitória. Somos, hoje, patrimônio imaterial do Brasil: os nossos Reinados, os nossos Congados e os nossos Moçambiques. A fé que canta, dança e encanta, festejando todo o Brasil, mostrando a nossa grande raiz africana em solo brasileiro”, manifestou Kedison.

O município mineiro cultiva e protege as seis guardas em atividade. Quatro dessas estão na sede: Guarda de Moçambique de Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia, Guarda de Congo de Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia, Congado de Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora das Graças e Congado de Nossa Senhora Aparecida e Manto Azul do Santa Cruz. No distrito de Santo Antônio do Salto, tem o Congado de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito e, em Miguel Burnier, o Congado de Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia.

Esse é um passo fundamental para o reconhecimento e o respeito à diversidade religiosa e cultural no país. Ademais, é uma forma de corrigir injustiças históricas e de afirmar que Ouro Preto é um município onde a diversidade religiosa é reconhecida e respeitada.

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