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Natureza e cultura, patrimônios que distinguem Minas Gerais

Mauro Werkema

Minas Gerais tem dois patrimônios que conformam sua história, identidade e modos de viver: a herança natural, sua geografia e atrativos que compõem a diversidade de sua natureza, e a cultura, o “saber viver”, costumes, conformados ao longo de sua trajetória histórica. Interligadas e complementares, ricas por sua diversidade, singularidade e exemplaridade, determinam que o cuidado que devemos ter com nosso patrimônio cultural deve considerá-lo como nossa segunda natureza. São as “muitas Minas”, a Minas inaugural, do ouro, minerária e libertária, e a Minas agropecuária, dos sertões e veredas, que precisam ser vistas integradamente pelas políticas públicas que anunciam investimentos e valorização da cultura mineira. E que complementam e dão conteúdos a um turismo consistente.

Minas tem 853 municípios e perto de 5.000 distritos e povoados, cada um com história própria, antigas ou recentes vivências, práticas de sobrevivência, crendices, folclore, culinária, festas típicas, “modos de viver”, sem igual no Brasil na sua amplitude e diversidade reconhecidas pelos que se dedicaram a percorrer e estudar Minas, os mineiros e a mineiridade, desde o século XVIII aos nossos dias. A esta riqueza cultural e natural juntam-se outros fatores que condicionam a singularidade mineira e sua excepcionalidade.

Em diferentes épocas os mineiros conformaram tipologias sociais e humanas únicas. Nas cidades históricas, na vida colonial, o catolicismo da Reforma Tridentina, severo e grave, que veio para Minas nos primeiros tempos, ensejará o Barroco Colonial Mineiro, hoje Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco. E o barroquismo torna-se estilo de arte e vida, em meio aos conflitos coloniais, e conformará traço inaugural do mineirismo e da mineiridade. E ensejará a primeira voz de Minas, libertária e insurgente, com influência marcante na Independência de 1822 e na República de 1889.   

O mineiro será sempre homem da natureza e da cultura no seu “saber viver”. Na ocupação territorial expande fronteiras além da mineração inaugural, torna-se ruralista, arraigado e político. Surge o “catrumano”, vagueiro e sertanejo, de Saint-Hilaire, celebrado nos sertões e veredas de Guimarães Rosa. E que, uma vez mais, exalta cultura e natureza no falar, nos meios de vida, no entrechoque cultural, valores e modos de ver o mundo e a natureza, propiciando momentos de qualidade e vivências raras.

A valorização da cultura mineira como patrimônio único, rico e diverso, nas vertentes do moderno turismo, impõe-se como política pública que fará justiça à sua tricentenária história. E inclui-se, indispensavelmente, com vertente estratégica do turismo que se torna vocação econômica importante do Estado. E são atividades limpas, cuidam e preservam a natureza e o ambiente, geram e distribuem rendas imediatas, com amplitude geográfica.

Além da ampla competitividade de atrativos, a localização central no mapa brasileiro, as regiões de fronteiras com seis Estados, a presença no sudeste brasileiro, Minas une cultura e natureza em sua reconhecida hospitalidade e que apontam para uma nova estratégia de promoção e sustentabilidade turística. Esta é a maior riqueza de Minas.

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