A iniciativa é organizada pelo professor e jornalista Éverlan Stutz que desenvolve projetos focados na preparação de candidatos ao Enem na cidade desde 2012. A prova de redação será aplicada nesta quarta-feira, 30 de outubro. A ação é voltada aos alunos do terceiro ano que vão prestar o Exame Nacional do Ensino Médio que acontece neste domingo, 3 de novembro
Com o objetivo de preparar estudantes de escolas públicas para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), será realizado em Ouro Preto o Simulado de Redação do Enem. A ação educativa contará com três etapas distintas: aplicação da prova, correção do exame e com o curso intensivo de redação. É garantida a gratuidade em todas as fases do Simulado de Redação do Enem, que será aplicado em três instituições públicas de ensino: a Escola Estadual de Ouro Preto, a Escola Dom Pedro II e a Escola Desembargador Horácio Andrade.
Na última edição do Enem, 60 redações tiveram nota máxima, mas apenas quatro são de alunos da rede pública. Em Minas Gerais, apenas duas candidatas obtiveram nota mil na redação e são alunas de colégios privados. Uma das apoiadoras do projeto é a Hexágono Engenharia, localizada no bairro Saramenha. De acordo com o diretor da empresa, José Augusto Silva, o projeto é um meio de criar condições de equidade entre os candidatos de escolas públicas e particulares. “O Enem é o caminho dos estudantes que pretendem ingressar no ensino superior. Muitos jovens não têm condições de pagar cursinhos preparatórios. A redação tem uma pontuação alta no exame. Então o projeto é bastante relevante porque garante uma preparação direcionada aos alunos de escolas públicas”, argumenta José Augusto.
Para Jorge Tadeu, diretor da Escola Estadual Dom Pedro II, o Simulado de Redação é mais uma oportunidade para os alunos da instituição aprenderem novas abordagens de técnicas dissertativas. “O mais interessante do projeto é o curso que será ministrado a partir da correção das provas. Os participantes terão um retorno do que pode ser melhorado nas competências exigidas pelo Enem”, destaca Jorge.
O repertório sociocultural é uma competência avaliada no Enem e consiste no conjunto de conhecimentos e referências que um candidato utiliza para fundamentar seus argumentos na redação. Segundo o professor de geografia Bruno Arantes, vice-diretor da Escola Desembargador Horácio Andrade, torna-se essencial a contextualização territorial para ampliar o repertório sociocultural dos estudantes. “Procuro trabalhar muito a questão do território escolar para que os alunos consigam perceber o espaço que eles vivem, o território onde eles estão inseridos e as questões socioambientais. A redação é uma forma deles se expressarem sobre o território em que vivem. A escrita é uma prática”, ressalta Arantes.
A pedagoga do Ensino Médio da Escola Estadual de Ouro Preto, Joelma Xavier, relata as dificuldades enfrentadas no desenvolvimento de práticas de coesão textual. “Percebemos que existem obstáculos na elaboração de textos com uma lógica discursiva e que atendam ao tema proposto. Acredito que o simulado vai ajudar a escola a preparar nossos alunos”, enfatiza Joelma.
O professor Éverlan Stutz alerta para os perigos das plataformas digitais de correção de redação. “A maioria dos jovens perdeu o hábito de escrever à mão. Existem muitos simulados de redação na internet que utilizam a inteligência artificial para corrigir textos. E isso não condiz com a metodologia de correção do Enem. É algo incoerente porque a redação é a única etapa do Enem que é corrigida por seres humanos”, analisa Éverlan.
Graduado em Artes Cênicas pela UFOP, o professor Éverlan Stutz criou o personagem Boca de Milhão para falar das competências da redação do Enem:
Confira a reportagem sobre o Aulão Solidário de Redação para o Enem realizado no Cine Vila Rica em 2016: