Devido às instabilidades políticas no Município, IV Mosta de Dança pode não acontecer
Na última reunião ordinária da Câmara de Mariana, dia 27 de abril, a bailarina e professora de dança, Tânia Suares, expressou sua preocupação com a possibilidade da IV Mostra de Dança de Mariana não ocorrer. Segundo a dançarina, organizadora do evento, que está marcado para acontecer dos dias 28 de Maio a 3 de Junho, este não poderá ocorrer, pois teria recebido do procurador da Prefeitura “um feedback por escrito, dizendo que é ano eleitoral e, por isso, a mostra não poderia acontecer”.
Entretanto, Tânia, depois do recebimento desse parecer negativo à realização da IV Mostra, recorreu a mais três advogados. Dentre eles o da Assessoria Jurídica da Câmara, além da promotoria do Fórum de Mariana. Todos os pareceres foram unânimes: contrários aos da Procuradoria.
De acordo com Tânia, a Procuradoria do município lhe teria negado o dinheiro para realização do evento, o que impediria a realização do mesmo. O argumento seria que é o ano eleitoral e isso impediria a aplicação do recurso público em festividades. Entretanto, os demais pareceres, que foram todos contrários a isso, argumentam que a Lei que impediria o investimento do erário somente se aplica a obras novas e de cunho social. O que não seria o caso: é a quarta edição do evento e ele é cultural.
O Histórico
Mas os problemas para a realização da IV Mostra não são tão recentes assim. Há vários incidentes, relacionados à dança das cadeiras no Executivo marianense, que prejudicaram, ou ainda impediram, a sua realização. Também, para melhor entendimento dos problemas relacionados a essa questão, é interessante citar que a organizadora é formada em dança pelo Palácio das Artes, aperfeiçoando-se posteriormente nos Estados Unidos e em Buenos Aires, maitre (professora) da Royal Academy of London e, além disso, membro do Conselho de Dança da Unesco.
Voltando a questão do evento, as duas primeiras edições se deram nos anos de 2008 e 2009, e ocorreram tranquilamente. Entretanto, em 2010 não foi bem assim. O evento se daria nos dias 25, 26 e 27 de junho. Tânia contabilizou para essa edição o valor de 51 mil reais, tudo já combinado com a aquela gestão informalmente, somente faltando assinatura do contrato. Todavia, em torno de 15 dias antes da Mostra, houve cassação na Prefeitura.
A gestão que assumiu negou-se a fornecer o valor combinado, alegando que “não havia contrato”, sendo que o secretário de Cultura da época só pode oferecer-lhe “míseros 7 mil reais”, reclama Tânia. Resultado: ela teve que vender o próprio carro para pagar as contas e os colaboradores do evento, que seriam remunerados, tiveram que trabalhar voluntariamente para que a festividade acontecesse. Apesar dos pesares, segundo a organizadora, “o evento foi um sucesso e a comunidade participou ativamente”.
Em 2011 mais problemas. Nesse ano a Mostra de Dança foi inserida no calendário do município, dessa maneira passa a ser lei o acontecimento dela. Mas mesmo assim, ele não ocorreu. Devido, no começo do ano, às obras urgentes no Catete e na Avenida Nossa Senhora de Fátima, Tânia teria recebido da secretaria de Cultura uma carta de que o dinheiro do evento iria para a construção do Túnel Bala, entretanto, a organizadora explica que, mesmo com a aprovação na Câmara de “um dinheiro extra” para as obras, o dinheiro não lhe retornou.
Assim, dentro desses problemas de verba, o evento que seria em maio, foi transferido para agosto e, ainda por cima, em outubro. Entretanto, houve nova cassação e, com isso, um novo impedimento para que a Mostra acontecesse. Agora em 2012, mesmo com uma reserva de 120 mil reais, devido às questões explicadas, novamente pode ser que a Mostra não aconteça. Isso, segundo Tânia, pode vir a prejudicá-la e também ao município nacional e internacionalmente.
Pelo fato da artista ter estudado no exterior e em escolas de dança nacionais renomadas, a organizadora conseguiu a presença de jurados como João Wlamir, conselheiro artístico do festival de dança de Joinville (o maior do mundo) e jurado do programa Se Ela Dança eu Danço do SBT, e Áurea Hämmerli, primeira bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, dentre muitos outros. Caso a Mostra não aconteça Tânia teria seu “filme queimado”, explica. E não somente ela, mas também Mariana, por conseqüência.