Sindicato reclamou de “falta de diálogo”
A falta de diálogo com o executivo teria sido motivo de reivindicações em Ouro Preto. No dia 15, estudantes se manifestaram contra a proposta de reajuste da tarifa do transporte público. Já nesta terça-feira (20) os servidores municipais se reuniram para protestar com passeata e ato público. O funcionalismo municipal entrou em paralisação no mesmo dia e seguiram em estado de greve até a quinta-feira (22). A classe reivindica reposição salarial e melhores condições de trabalho.
Vestidos de preto, com nariz de palhaço e portando faixas e cartazes, os servidores realizaram uma passeata pelas ruas da cidade. Os manifestantes saíram da sede Sindicato dos Servidores e Funcionários Públicos Municipais de Ouro Preto (Sindsfop) passando pela sede da Prefeitura e terminando na Praça, participando da reunião dos vereadores. O presidente do Sindsfop, Mauro Luiz Fonseca, participou da Tribuna Livre e relatou as reivindicações dos servidores.
“A defasagem salarial, o atraso na entrega dos vales transporte e vales-alimentação, as precárias condições de trabalho, a falta de insumos e equipamentos, e ainda a sobrecarga dos funcionários” foram os principais pontos da reivindicação. “Desde o ano passado, nós temos sérias complicações nas negociações da Data Base, onde várias cláusulas são descumpridas. Temos uma defasagem de mais de 23% nos últimos quatro anos; o atraso dos benefícios, que é um direito do servidor e vários estão sendo desrespeitados. Não vamos ficar pacatos, vamos exigir os nossos direitos”, enfatizou o presidente que ainda ressaltou que “nunca viu o serviço público tão precarizado. Crise não é desculpa para má gestão”.
Após expor as demandas, Mauro pediu a intermediação dos vereadores para ajudar na solução do impasse da melhor forma possível. “A intenção do sindicato é evitar que os funcionários tenham prejuízos”.
O Legislativo
Com grande participação de servidores, a reunião dos vereadores foi bem intensa, com debates acalorados. Alguns vereadores da base foram vaiados pelos manifestantes ao justificarem a defasagem na data base com o histórico da dívida deixada pela antiga gestão.
Já o presidente da Casa, Wander Albuquerque (PDT), reafirmou que a Câmara está de portas abertas para facilitar as negociações. “Recebemos as reivindicações, nomeamos, a pedido do sindicato, uma comissão para acompanhar esse diálogo, que nós entendemos que deve acontecer com a Prefeitura. Assim, a Câmara acompanhará o sindicato e as negociações com o Executivo. Acreditamos e torcemos para que entrem em acordo para o melhor para a população de Ouro Preto”.
A comissão da Data-Base dos servidores se reuniu com representantes do executivo na tarde da quarta-feira (21). Em nota, a prefeitura informou que havia solicitado prazo para que fosse avaliado o impacto financeiro de algumas propostas apresentadas e que o diálogo permanece até o fechamento da data-base, o qual acontece em maio.
Tratativas
Em comunicado enviado à representação dos servidores, a prefeitura informou que dentre as demandas, o atraso no vale alimentação não ocorrerá novamente. Segundo o prefeito Júlio Pimenta, em entrevista ao O LIBERAL, isso se deveu a ausência de repasse de verba do estado de Minas Gerais, que não vem cumprindo com suas obrigações. Do mesmo modo, o vale-transporte seguirá normal, após negociação com a empresa fornecedora. Já o adiantamento do 13º salário foi incluído na folha de março, para os que o solicitaram.
Acerca do pleito de conversão de férias-prêmio, o município declarou não possuir, no momento, condições de arcar com os custos. Mais detalhes serão negociados durante as tratativas da data-base, e uma nova reunião se dará no dia 28 do corrente, às 10h da manhã, no gabinete da prefeitura.
O comunicado frisa, ainda, que a administração pública sempre esteve aberta ao diálogo, dispostos a construir um consenso e que aguarda o retorno das atividades do setor público à normalidade, até para continuidade das negociações.
