Nasce o Rio das Velhas na Serra do Ouro Preto, ramo sul do Espinhaço, chamado de espinha dorsal de Minas. E avança em paralelo com o ferrífero e aurífero maciço em direção ao norte para desaguar no Rio São Francisco em Barra do Guaicuí, Várzea da Palma. Além de sua importância histórica, como principal via de penetração dos bandeirantes nos anos de passagem do Século XVII para o setecentos, o Rio das Velhas, agora em risco, é o fornecedor de 65% da água que abastece Belo Horizonte e 40% da Grande BH, segundos dados da Copasa. Mas sua vazão, de 10.5 m³/s, vem reduzindo-se pela grande vulnerabilidade de suas recargas, nas suas áreas de drenagem e nas contribuições a montante, conforme novo alerta feito pelo Comitê Hidrográfico da Bacia do Rio.
Em Bela Fama, distrito de Rio Acima, a Copasa capta em média 6,5 m³/s do Rio das Velhas para abastecimento de BH e parte da Área Metropolitana, onde também situa-se a estação de tratamento, obrigada cada vez mais a operar uma maior limpeza das águas que recebe com crescente menor qualidade. O rio, nos seus 801 km de extensão, passa por 51 municípios e tem como principal contribuinte o Rio Paraopeba, agora com águas comprometidas devido à lama da Barragem de Brumadinho. Se porventura o Rio das Velhas for comprometido, fica prejudicado o abastecimento de 5,2 milhões de habitantes, de BH e mais Nova Lima, Raposos, São José da Lapa, Sabará, Vespasiano, Lagoa Santa e Santa Luzia.
O Rio atravessa, em cerca de 30% do seu trajeto, o Quadrilátero Ferrífero, na região central do Estado, e enfrenta agora ameaças de oito barragens, sem garantia plena de estabilidade. Próximo às suas nascentes, na Cachoeira das Andorinhas, a fiscalização ambiental já fechou mineração na Serra das Andorinhas e na Serra Geral. Mas corre risco com uma nova exploração de minério de ferro já autorizada para Rio Acima, como também quanto a uma barragem abandonada, surgida em mineração de ouro. Advertências acabam de ser feitas pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente quanto a minerações e barragens na Serra do Itabirito, na mineração do Pico e de “pelletz” na vertente norte, ambas em plena atividade, entre outras.
A Copasa, o Comitê Hidrográfico e o Ministério Público Estadual monitoram o rio mas ambos tem feito sucessivas denúncias de riscos em vários pontos e a degradação ambiental que alcança seus afluentes e matas ciliares. Advertem também sobre esgotos e outras fontes de poluições decorrentes da crescente ocupação de suas margens nas áreas urbanas por que passa. E reafirmam a importância para o fornecimento de água e a catástrofe que causaria a interrupção do abastecimento, se possibilidade de alternativas emergenciais. Agora, estes órgãos renovam os riscos de novos desastres mas se ressentem de ações de maior envergadura que possam garantir qualidade e vazão do Rio. E reafirmam a sua estratégica importância para a Grande BH e a capital do Estado.
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