Por Mauro Werkema
O Brasil é parte do mundo. E a agenda ambiental-climática e sua discussão interessam, de maneira particular, ao Brasil. Este alcança bastante aos brasileiros que já assistem e sentem vários sintomas e ocorrências relativas à piora das condições ambientais e climáticas, já sobejamente demonstrada e bastante atuais. De resto, vivemos crise global provocando desastres e vulnerabilidades no presente e que já sinaliza novas ocorrência para o futuro próximo. Esta crise ambiental perpassa não só para os mais ricos, mas atinge mais, e perversamente, os mais pobres, inclusive aumentando desigualdades e pobrezas, entre outras mazelas deste desigual quadro sócio-econômico que vivemos.
A COP28, de Dubai, que contou com numerosa delegação brasileira, uma vez mais aclarou a a urgência de ações objetivas, solidárias, eficazes e urgente na contenção das ameaças climáticas. No entanto, apesar das discussões, do amplo conhecimento já gerado e da identificação de fatores geradores de destruição ambiental, parece que pouco se avança. O Brasil cobrou compromissos e ações climáticas mais eficazes e um maior volume de investimentos que possam gerar a mudança das fontes energéticas para um uso menor de combustíveis fosseis e outras fontes poluidoras. O mundo, afinal, já tem tecnologias eficazes para uma revolução energética, com utilização da energia eólica, a vegetal, a solar e outras já em uso. E já, inclusive, quantifica o que quanto precisa reduzir a emissão de poluentes na atmosfera.
Mas o fato é que desde a Rio-92 e o Acordo de Paris não se avançou muito nas ações concretas, inclusive emissão de poluentes. As metas fixadas não foram cumpridas. E o mundo continua a assistir desastres: vendávais, ciclones, incêndios florestais, aumento da temperatura, perda de estações climáticas com prejuízo para a agroindústria, forçada retirada de populações de áreas de risco, novas doenças climáticas, geleiras reduzidas aumentando o volume de mares. Conter e reverter tais agressões à natureza não é fácil: reduzir emissões poluentes, reduzir o petróleo e outras frontes poluidoras, zerar o desmatamento, proteger rios e fontes de água, implantar novas fontes energética, não são fáceis, mas caras, com tecnologias ainda não tem conhecidas e ainda não acessíveis a populações mais pobres. E causaria a extinção de muitos negócios lucrativos.
O Brasil vem mantendo presença e protagonismos nas organizações internacionais. Em Dubai, mais uma vez pediu a reorganização da ONU e não só no Conselho de Segurança, mas na obtenção de ações objetivas no combate às poluições climáticas. O Brasil tornou-se um parceiro atuante e respeitado nos debates internacionais e cobra a promessa de receber US$100 bilhões por ano assumida pelos países desenvolvidos. O presidente Lula disse em Dubai que em 2021 os gastos militares atingiram US$ 2 trilhões. E continuam sustentando guerras. O interessante é que todo o mundo tem hoje uma melhor compreensão da crise climática e suas graves consequências para todos. Mas não avança em medidas concretas para eliminar as poluições e a destruição da natureza.
Afinal, a crise é planetária. Atinge a todos. A timidez das ações, até os nossos dias, permite antever tempos piores. A destruição da natureza e a elevada carbonização da economia global terão impactos graves no futuro bem próximo, asseguram os cientistas e estudiosos da questão climática. O Brasil tenta fazer a sua parte e trouxe para Belém, no Pará, em 2025, o próximo encontro da conferência do clima. Já pode apresentar alguns avanços na redução do desmatamento e conquistas tecnológicas e empresariais na substituição de matrizes poluentes. Em Dubai, o Brasil teve a maior delegação, inclusive empresarial. E apresentou compromissos e metas ambiciosas. O Brasil deixa a inação e aumenta a ambição. Esperemos que dê certo, para o bem de todos nós.
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