Por Mauro Werkema
Ao comparecer perante a urna eleitoral de domingo próximo, o eleitor terá diante de sua consciência graves responsabilidades. E, além e à margem das diferenças ideológicas ou relações pessoais, terá que fazer opções sobre questões essenciais à vida de todos os brasileiros, pois dependemos todos de termos bons governantes. Mesmo a pessoa mais alheia aos fatos específicos da vida política, da sua cidade, seu Estado ou país, precisa lembrar que ele, assim como todos nós, tem responsabilidades para com a vida comum e as dificuldades que se apesentam para todos. Então, a omissão plena, a indiferença, o descompromisso, a desinformação por opção e desinteresse, neste mundo cada vez mais global e interconectado, alcança a todos. De resto, estará abdicando da sua cidadania, condição básica de sua inserção na sociedade. Precisa, portanto, de fazer do seu voto ato de consciência.
Não dá, no caso brasileiro, para deixar de se preocupar com a garantia da democracia e a remoção dos atentados e ameaças que, infelizmente, fazem parte da política brasileira da atualidade. Não dá para não pensar que há fome no Brasil e a pobreza é imensa, mas que pode ser reduzida com programas e ações de governo e incentivo à iniciativa privada geradora de emprego e renda. Como desconhecer a gritante desigualdade brasileira? Ou a imperiosa necessidade de integração dos mais pobres ao mercado consumidor, de acesso aos bens de consumo e de vida civilizada, com educação, saúde, emprego, habitação, à cultura e à ciência e, sobretudo, à alimentação saudável? E muitas outras questões que perturbam a vida humanitária e civilizada, e que preocupam os cidadãos de bem, como o racismo estrutural, o machismo autoritário, as agressões às mulheres, o descaso contra os indígenas e a invasão criminosa de seus territórios, a destruição da Amazônia? Como não se preocupar com as ameaças golpistas, a campanha de descrédito do sistema eletrônico eleitoral?
Como não se importar com os muitos privilégios de uma classe política que cuida mais de si e da sua perpetuação, que desvia R$ 41 bilhões para um orçamento secreto e emendas parlamentares que compra consciências e votos? Ou com a falta de um crescimento sustentável, capaz de retomar o desenvolvimento econômico, com responsabilidade fiscal e redução das desigualdades sociais? Mas, muito importante ainda, é que possamos reduzir o clima de ódio, de conflito que impera hoje na sociedade brasileira e que impede o diálogo e a cooperação imprescindíveis na construção solidária de programas, projetos, iniciativas que possam conduzir o Brasil a melhores caminhos e avançar social e economicamente. Certamente também não queremos um país armado, em que a aquisição de armas é facilitada e só contribui para a criminalidade e parece sustentar ameaças totalitárias.
O Brasil estará decidindo seu destino neste domingo, em grave momento de sua história. E precisa pensar no futuro de nós, num mundo também em recessão, com ameaça de guerra ampliada e maiores restrições do comércio internacional inclusive de víveres alimentares. O mundo prevê recessão para 2023 e muitos são os riscos de agravamento da cooperação internacional. O sectarismo ideológico que propõe retornos autoritários ou ditatoriais não interessa ao mundo e, especialmente, ao Brasil, que já passou por duas décadas de regime ditatorial. E que precisa retomar taxas maiores de crescimento. As graves questões brasileiras não serão superadas com posturas sectárias ou sem uma patriótica frente de cidadãos colaboradores. Precisamos de uma “frente pelo Brasil”, com todos os cidadãos de boa vontade, capazes de construir consenso sobre soluções do interesse nacional e de trabalhar pela reconstrução do país.
Não será fácil ao futuro governo realizar a pacificação nacional. Ou mesmo realizar as reformas básicas, a tributária, a administrativa, essenciais à governabilidade. E também eliminar os vícios que, nos últimos tempos, garantiram mais privilégios para algumas classes já abastadas, especialmente dos políticos profissionais. Não será fácil encontrar e realizar os caminhos de retorno a índices de normalidade e ganhos de prosperidade, num mundo que hoje não estimula nem permite maiores facilidades.
O voto, caros cidadãos, é o primeiro passo, inalienável, indevassável na cabine eleitoral, onde o sufrágio é secreto, para que possamos superar esta difícil etapa da vida brasileira. O Brasil é muito grande, no território e nas riquezas de solo e subsolo. Tem oito mil km de costas marítimas. Possui segmentos econômicos e produtivos já avançados. Tem universidades e institutos tecnológicos que, apesar das crises atuais, podem qualificar milhares de brasileiros para nos garantir um futuro melhor. Mas as ameaças autoritárias, os atentados às instituições garantidoras da ordem e da justiça, à Constituição cidadã de 1988, certamente não contribuem para a pacificação indispensável a um novo tempo de prosperidade para o Brasil. Votemos para um novo Brasil.
maurowerkema@gmail.com