A violência é um fenômeno que atinge a todos. Dessa forma, torna-se necessário o enfrentamento a qualquer tipo de violência, seja ela praticada contra homens ou mulheres, adultos ou crianças.
Estudos indicam que os homens tendem a ser vítimas de uma violência predominantemente praticada em espaços públicos. Já as mulheres, indiferentes de origem, classes culturais ou sociais, sofrem cotidianamente com um fenômeno que se manifesta, muitas vezes, até em seus próprios lares.
Ouro Preto e Mariana são cidades históricas e universitárias, com incontáveis relatos de crimes cometidos contra as mulheres. No entanto, a região não possui, sequer, uma Delegacia Especializada, e as vítimas não podem contar com um espaço de atendimento próprio para buscar suporte, quando mais precisam. Com isso, em estado de fragilidade física e psicológica, as mulheres se veem obrigadas a lidar com o despreparo dos profissionais que realizam os atendimentos, tanto nas áreas da saúde como nas jurídicas.
Diante desse cenário, a Universidade Federal de Ouro Preto, por intermédio da Pró-reitoria de Extensão e em parceria com a Prefeitura Municipal, criou um projeto de ações de enfrentamento à violência contra a mulher na Região dos Inconfidentes. De autoria da professora Elaine Leandro Machado, da Escola de Medicina da UFOP, o projeto, que visa articular uma rede de proteção para as mulheres envolvendo a comunidade acadêmica e os serviços públicos locais, conta ainda com o apoio da União Brasileira de Mulheres, UBM, que idealizou essa rede em novembro de 2017.
Elaine Machado é psicóloga, com mestrado em Políticas de Saúde e Planejamento e doutorado em Epidemiologia pela faculdade de Medicina da UFMG. Em seu projeto, ela explica que “é necessário conhecer o cenário da violência contra a mulher em Ouro Preto, Mariana e região, para promover maior consciência pública do problema”.
O projeto “Ações de enfrentamento à violência contra a mulher na Região dos Inconfidentes”, além de promover um diagnóstico e um mapeamento dos casos de violência contra a mulher, prevê ainda a formação de grupos de estudos e oficinas de capacitação para os técnicos responsáveis pelos serviços municipais de atendimento e os profissionais da saúde pública.
E as oficinas e os grupos de estudos sobre gênero e diversidade já começaram, em diversos espaços, com grande participação de profissionais e técnicos do serviço público municipal.