Para onde caminha o Brasil? São muitas as incertezas que dominam o pensamento do brasileiro quando tenta pensar, antever e decifrar o futuro, mesmo o mais próximo. E mesmo quando se trata de uma análise futurológica mais otimista que começa, indesviavelmente, de leituras e análises de realidades como as imensas potencialidades brasileira, seu grande território, seus ricos solo e subsolo, as potencialidades econômicas já declaradas, a capacidade de trabalho de um povo ativo e criativo e que aspira verdadeiramente melhorar o país e a vida de cada um. Mas, é verdade também, quaisquer que sejam as visões de mundo e a ideologias de cada um, é que muitos e complexos são os desafios, as dificuldades, os desvios, as mazelas, a falta de um pensamento coletivo e de um patriotismo acima de vaidades e interesses pessoais. E, sobretudo, de um “Projeto Brasil”, consistente, viável, que resulte de consensos solidamente edificados.
A equipe econômica, liderada pelo ministro Paulo Guedes, em avaliação sobre o quadro brasileiro, concluiu que vivemos “um ciclo perverso”, resultado de circunstâncias históricas e imprevisibilidades, que traz novas dificuldades a um desenvolvimento econômico a menor prazo e mais consistente. Cita o crescimento da inflação, que já alcança 6% e chegará a 8%, que desorganiza orçamentos e planos de recuperação econômica. E a crise energética, que traz o medo do apagão energético, ainda bastante imprevisível, mas que certamente acarretará mais dificuldades econômicas e sociais devido à crise hídrica e a necessidade de uso das termoelétricas muito mais caras.
O desemprego, que já alcança 14,8% da população brasileira, deverá ser reduzido com a retomada econômica de vários setores, mas demorará mais tempo, prolongando-se até 2022. Os impactos de um possível “apagão” serão drásticos nos custos da energia elétrica, como já sentimos. Acrescente-se a esta realidade os preços do gás e cozinha, que atinge a todos, e da gasolina. E muitos são os impasses políticos, as divergências ideológicas e disputas de poder, que não permitem a construção de um programa de recuperação econômica amplo e solidário. E que, indubitavelmente, jogam o País numa grande incerteza. A CPI da Covid, o retorno das manifestações populares por todo o país, a discussão do impedimento do presidente da República, aceleram os impasses políticos e jogam dúvidas e temores sobre o futuro próximo.
Duas notícias, no entanto, são perspectivas boas e que todos esperamos que se consolidem: o crescimento do PIB brasileiro poderá ser em torno de 4,5% este ano e o fato que tem sido positivo, e alentadores, os indicadores de queda dos contágios e mortes pela Covid. Acredita-se que a perspectiva de redução do contágio da epidemia esteja propiciando a que atividades econômicas retornem, liberando investimentos congelados há mais de um ano, ao mesmo tempo em que os mercados consumidores se, também reprimidos no período, estejam ansiosos por retornarem ao consumo. De resto, a sociedade, livre das restrições que impunham a imobilidade social e econômica, parece estar se libertando do temor da epidemia.
Este é, em síntese, o quadro brasileiro atual que centraliza as discussões sobre o destino próximo do Brasil. Sabemos que temos um mundo em acelerada mudança, cada vez mais interconectado e interdependente. E o Brasil terá que capacitar-se a retomar presença e diálogo internacionais, recuperando presença, diálogo e construção de caminhos de maior cooperação e intercâmbios.
*Jornalista (mauro.werkema@gmail.com)