Mauro Werkema
O turismo passa por um fenômeno que os estudiosos chamam de “fuga do urbano”, ou seja, as pessoas, após dois anos de reclusão pelo temor da epidemia, procuram viajar, ver outros lugares, conviver com outros destinos, novas vivências, restringir o isolamento que durou até mais de dois anos. E esta retomada do ato de viajar se alimenta em duas condições também relativamente recentes que são a maior posse do automóvel e a facilidade das estradas asfaltadas, permitindo viagens de menor percurso, com menos tempo de permanência até porque os orçamentos domiciliares ainda estão bastante restritos no Brasil com a elevação do custo de vida.
Este fenômeno é visto nos destinos turísticos mais próximos de cidades que são grande emissoras de turistas e explicam, por exemplo, Ouro Preto e a ocupação de hotéis e pousadas nas proximidades de Belo Horizonte e outras cidades maiores da região, que vem apresentando números extraordinários de visitantes. Mesmo sendo um fenômeno que pode ser passageiro é preciso que os gestores do turismo, nos destinos mais procurados, o aproveitem para ações de promoção, estimulando novos fluxos e criando benefícios e atrativos que garantam a permanência de visitantes.
O turismo é atividade que integra uma cadeia ampla de negócios integrados. E o diferencial competividade é a qualidade dos serviços prestados, em todos os momentos da oferta. Repete a viagem quem obteve satisfação, dependente da qualidade dos serviços prestados que, por sua vez, também integram um conjunto de atributos, como organização eficiente, boa recepção e bom atendimento, informação verdadeira e clara, preços justos. A qualidade da hospedagem e da gastronomia são também fatores com decisiva influência.
Os visitantes estrangeiros são raros por conta dos altos preços de passagens aéreas e porque ainda persiste o temor da epidemia. E ainda porque há uma guerra em curso. O turismo de eventos e negócios ainda está quase totalmente paralisado, dependente da retomada da economia, que ainda apresenta muitas incertezas, especialmente no plano internacional. Os fluxos de visitantes, no momento, como se observa, são constituídos por integrantes da classe média, de menor poder aquisitivo mas muito importantes neste momento. Afinal, estão salvando muitos negócios.
O turismo foi um setor que mais sofreu com a epidemia. Dezenas de hotéis, restaurantes, agentes de viagem, prestadores de serviços do setor, faliram e fecharam. Vários já vem retomando suas atividades mas com a cautela que as mudanças políticas e econômicas exigem neste momento de transição. É claro que as expectativas de mudanças, com a plena retomada da economia, são esperanças de todos os segmentos empresariais. O Brasil, afinal, tem tudo para voltar a ter um crescimento elevado, com melhor distribuição de renda, redução da pobreza, do desemprego, da fome, das desigualdades. Mas, para isto, precisa contar com uma classe política melhor e de dirigentes comprometidos com as transformações que o povo brasileiro espera e merece.
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