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Carta aos Tempos
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O mundo se transforma, mas ainda sem rumos

Por Mauro Werkema

Quando da mudança do milênio, na passagem para o ano 2000, as previsões sobre o futuro eram todas positivas. Previa-se que viveríamos um novo mundo, globalizado e mais cooperativo, interconectado pena internet e que seriam removidos os bolsões de miséria, extirpadas as doenças e não haveria mais espaço para guerras. Ledo engano, como mostra esta segunda década do segundo milênio, conforme todos os olhares que possamos enviar para todas as direções. A verdade é que ocorreram mudanças sem precedentes na História da Humanidade nos últimos cem anos mas o mundo se depara com uma sucessão de desafios sem que tenhamos perspectivas de soluções nem a médio prazo.

Os melhores historiadores chegaram a prever que a revolução provocada pela Internet mudaria o mundo e para o bem. E enxergavam a evolução eletrônica como um excepcional e inusitado poder transformador, tanto ou mais do que as grandes transformações civilizatórias, como as conquistas do mundo grego, que criou os conceitos de democracia e república, o Renascimento que tirou o mudo da escuridão da Idade Média pela prevalência da Ilustração e do Iluminismo e, numa terceira grande mudança, a revolução industrial, ocorrida na segunda metade do século XIX.

Para onde caminha a Humanidade? Tivemos a epidemia, que paralisou o mundo por dois anos e ainda exige cuidados. Outros surtos poderão vir com o mundo mais interligado, como preveem os cientistas. A crise econômica atual não permite prever uma retomada mundial do desenvolvimento econômico e social. A guerra da Ucrânia redesenha a geopolítica mundial, mas, até agora, a perspectiva é que separe também países e o Ocidente do Oriente. 

Será possível reconstruir um mundo multipolar, com maior diálogo e cooperação entre nações. Aumentam os orçamentos militares e atitudes belicistas integram os discursos internacionais. São muitos os desafios à segurança, à economia, à cooperação internacional, à troca de experiências no conhecimento humano e o mundo parece engatinhar na diplomacia, nos conselhos da ONU, nas reuniões que buscam convergências possíveis. O mundo está diante de novas escolhas entre a guerra e a paz, o desenvolvimento e a estagnação, o crescimento e a recessão, entre a cooperação e o confronto.

Temos, portanto, um momento crítico e conturbado a exigir reflexão e disposição para um novo diálogo. Mas há também a previsão que a força da história e sua dialética levarão o mundo para uma nova multipolaridade, em que novos canais de convivência e cooperação terão que ser abertos. Resta indagar: E o nosso Brasil, como fica? Estará atento a este novo mundo e apto a conduzir-se com sabedoria, competência, competitividade para evitar situações disruptivas e aproveitar as transformações que vão advir? Esta é a grande questão do nosso conturbado momento.

mwerkema@uol.com.br

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