Ouro Preto perde Roque, homem barroco da Rua Alvarenga. O encapetado cariá do Carnaval que 40 dias depois estava lá, de chicote em punho, trajando as vestes de Guarda Romano e conduzindo Cristo para o Calvário. E para demonstrar que era dos contrastes, transcendia o capetinha carnavalesco e o algoz da Semana Santa. Ressurgia contrito, de cruz em punho, trajando a opa azul e vermelha, cores da irmandade do Bom Jesus e São Miguel, cores do seu bairro.
Roque rezava…
De voz nasalada tinha um sorriso agudo e com tamanha estridência que levava a todos, até quem não ouviu a piada, às gargalhadas.
Roque zuava…
Personagem de Vila Rica, escultura viva de Aleijadinho, sentava em frente à sua casa, pitando seu cachimbo, fumo sabiá, olhando a cidade se movimentar, vigiando a capela do Bom Jesus da Pedra Fria, sua vizinha.
Roque contava…
Atleticano, torceu sempre contra o vento, era fruto de um milagre, promessa de mãe e pai, superou a doença, viveu mais de oito décadas.
Roque guerreava…
Por mais de sessenta anos raspou seu garfo diabólico fazendo sair labaredas das pedras coloniais. Se entregou devotadamente ao “Zé Pereira dos Lacaios”, prestigiou o centenário da agremiação. Assustou crianças que hoje marmanjos choram a despedida do sempre cariá.
Roque de Ouro Preto…
Personificado no afeto da lembrança.
Roque se vai…
Tum Tum Tum Zé Pereira…
Para sempre Roque Liberato Nolasco!!!!