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Mulher tem que se retratar após divulgar texto em rede social

Mulher tem que se retratar após divulgar texto em rede social

Fato ocorreu em Mariana e foi parar na Justiça, onde terminou com acordo entre as partes. A jovem reafirma o ocorrido e diz que não se arrepende

Para aqueles que pensam que a internet ainda é ‘terra sem lei’, em Mariana um post denegrindo a imagem de um rapaz foi parar na Justiça. Uma mulher, que se declara feminista, divulgou texto em sua página da rede facebook, relatando evento que teria ocorrido em uma festa, onde haveria sofrido ameaças e até mesmo perseguição por parte de um rapaz. Ela reafirmou a história a nossa reportagem.

Em sua rede social, a jovem escreveu um texto divulgando o nome e a foto do jovem, afirmando que ele a perseguia, com o intuito de ter um relacionamento, mesmo sabendo que ela já tinha namorado. “Oi gente tudubom? vamos falar sobre macho escroto? Vamos. Bom, tudo começou numa festa em abril, esse cara bonito da foto, bem vestido, machinho que a gente dá like no tinder, me encheu o saco a festa toda querendo que eu ficasse com ele, eu não quis”, iniciava a postagem. O texto ainda pedia que as mulheres da região tomassem cuidado, pois o rapaz era ameaçador quando recebia um não como resposta.

O jovem, que é de Mariana, em entrevista ao jornal O LIBERAL, disse que chegou a ser apontado na rua como machista e que sofre as consequências até hoje. “Foi um período muito difícil, pois afetou muito minha vida, perdi amigos, namorada e tudo por causa de uma mentira, que finalmente consegui provar. Muitas vezes, aqueles(as) que se escondem atrás de uma tela de computador e se dedicam a espalhar boatos ou criar falsas polêmicas (seja para chamar atenção, ter ibope ou apenas por falta de empatia) não têm noção sobre o quanto prejudicam outras pessoas”, declarou o jovem.

O episódio ocorreu em abril, mas até hoje é comentado na internet e na cidade. O jovem entrou com duas ações, civil e criminal, contra a autora do post. A primeira previa uma indenização no valor de R$36 mil por danos morais, mas foi cancelada, já que na ação criminal, as partes entraram em acordo, e a autora teve que postar um texto em seus perfis da rede social se retratando. “Tal manifestação foi fruto de um gesto momentâneo e impensado que, embora tenha lhe causado transtornos morais e éticos não tenha sido por mim avaliado no momento. Com isto, espero ver sanada toda questão que envolveu o problema entre nós verificado, servindo presente como correção das penalidades morais que lhe foram indevidamente impostas”. O texto foi escrito na audiência, que ocorreu no final de setembro, em acordo com os advogados dos envolvidos.

“A gente não quer, de maneira nenhuma, tirar o mérito do sofrimento que as mulheres realmente passam. Só não queremos que pessoas inocentes sofram por conta dessa proteção que as mulheres têm que ter. Qualquer tipo de poder vem com uma certa responsabilidade. Uma pessoa que age dessa maneira, desmoraliza um movimento inteiro de mulheres, colocando em dúvida quem realmente pode sofrer a agressão. A luta tem que ser de todos. Essas pessoas enfraquecem o movimento”, ressaltou o advogado da vítima, Tiago Semim. “Já vi diversos estudantes chegando ao ponto de trancar o curso por conta da exposição, vítimas de falsas acusações e especulações midiáticas, produzidas por alguns homens e seu machismo enraizado, ou por mulheres que se dizem feministas, mas são tão opressoras quanto os que dizem combater”, complementou o rapaz.

A reportagem encontrou ainda outro alvo que denunciou, previamente, difamação pela mesma autora, mas este preferiu não se manifestar sobre o assunto.

O outro lado da história

Em entrevista ao jornal O LIBERAL, a jovem relatou sua versão, afirmando que não mentiu e que não se arrepende do post, apenas da forma como foi feito. “A minha reconsideração foi ter divulgado o nome e a foto dele no post, o que gerou todo o processo”, declarou. Ela ainda conta que conseguiu alcançar o seu objetivo, pois quando há denúncia de certos tipos de abuso, os casos viram apenas uma ocorrência. “O que eu queria, eu consegui, essa foi uma forma de me defender. As pessoas tinham de saber o que aconteceu para até mesmo se prevenirem. Quando uma mulher vai a delegacia e faz um boletim de ocorrência, o que acontece? Nada”, exemplificou.

Sobre a repercussão do caso, a jovem diz que sofreu acusações virtuais e ainda invenção de fatos, que não foram desmentidos pelo envolvido. “Divulgaram o processo em sites que nem mesmo procuram minha versão, que nem mesmo tinham conhecimento do que realmente aconteceu. Postaram minha foto, meu nome e ainda o link ao meu perfil no facebook. A partir daí minha vida virou um inferno. De vítima fui à culpada. Pessoas disseram que eu inventei que ele tinha me estuprado e que tive que pagar a multa”, esclareceu. “Eu não cheguei a ser processada, nem mesmo a pagar uma multa, tive que fazer uma retratação. Aconselhada pela advogada, que não estava tão inteirada do caso, já que não pude pagar um advogado e precisei contar com a defensoria pública, aceitei o acordo”, explicou.

Já quanto aos casos recorrentes, a jovem diz que comentou e comenta publicações que acredite ter cunho machista, dando prints (registros) nas postagens e comentando em seu perfil de rede social.

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