Parado a mais de três anos, o Fusca foi totalmente restaurado, e acabou sendo um presente de despedida ao patriarca da família
Inspirados no ‘Lata Velha’ do Caldeirão do Huck, veiculado na Rede Globo, familiares do senhor José de Lana, conhecido como Zezinho, se uniram para reformar o Fusca, carro que era de um dos seus filhos, já falecido. A história se passa no Engenho Queimado, subdistrito de Mariana.
O fusca de 1972 estava bem danificado e foi preciso restaurar toda lataria. A reforma durou aproximadamente dois meses. “Refizemos todo o carro, pois estava muito danificado. O assoalho, a cabine… tudo estava podre”, conta Márcio Inês Basílio, conhecido como Marcinês, mecânico responsável pelo trabalho.
A iniciativa foi de Jerônimo Pereira, casado com Maria Aparecida Borges Pereira, que se considera filha do seu José. “O carro estava parado na garagem desde 2012, ano em que o filho dele morreu. O Zezinho sempre mostrava e falava do carro saudoso. Vi que ele queria ver o veículo funcionando novamente, então resolvi juntar alguns parentes para fazer a reforma”, revela Nininho, como é mais conhecido. Os filhos Walter, Ângela e os sobrinhos José Augusto e Bitico também participaram da ação, que contou ainda com a colaboração dos parentes de São Paulo.
Murilo era um dos oitos filhos do Zezinho de Lana. Em vida, era ele que rodava com o Zezinho para todo lugar: para receber, fazer compras, pagas contas, visitar parentes e todos os domingos, era sagrado, ir para a Conferência de São Vicente de Paula.
A entrega do carro aconteceu no sábado, dia 25, alguns dias depois do Zezinho ter liberação do hospital, após se recuperar de uma cirurgia. A emoção foi contagiante no dia da entrega e a primeira pergunta do senhor de 91 anos foi à preocupação em saber em quanto teria ficado aquela surpresa. Infelizmente, alguns dias depois, no dia 29, o Zezinho de Lana faleceu.
O Tio Zezinho
Pelo apelido carinhoso de Tio Zezinho que o senhor José de Lana era mais conhecido. Ele tinha 91 anos de idade e uma história de fé de inspirar muitas gerações. Desde criança passava por provações que demonstraram que não teria uma trajetória fácil. Ainda menino viu o seu pai ser morto na sua frente. Ficou viúvo quando os seus nove filhos ainda eram crianças. Não se casou novamente, mas contou com a ajuda de familiares para criar sua família. Chegou a enterrar cinco filhos, sendo os dois últimos em 2012, sua filha no dia 25 de dezembro, e um filho no dia 26. Parece história de filme, mas é um resumo da vida do senhor José de Lana.
Nem mesmo as provações fizeram com que ele desanimasse da caminhada. Com muita fé e perseverança ele continuou firme até os últimos dias de vida. A fé dele era inabalável e motivo de admiração e inspiração para muitos. Era devoto de Santa Efigênia e ajudou a construir a igreja que leva o nome da Santa, na Vila Santa Efigênia, próximo ao local que morava.
Gostava da casa cheia, de fartura. A pinguinha e o cigarrinho de palha não podiam faltar. Sua existência foi marcada por muito amor, dedicação e fé. Que a sua trajetória seja inspiração daqueles que puderam conviver com o ser iluminado que era.