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Carta aos Tempos
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É preciso salvar vidas mas também os empregos

Ainda vivemos o surto elevado da epidemia. Infectados e mortes ainda apresentam números altos. E sabemos, pelas estatísticas relativas aos períodos de fechamento e paralisação de atividades, que o isolamento é eficaz na contenção da propagação do vírus. Então, até que tenhamos a chamada “imunidade de rebanho”, o que só é possível com um percentual de pelo menos 60% da população vacinada, temos forçosamente que enfrentarmos os fechamentos amplos de quaisquer atividades que promovam aglomerações, facilitando a propagação do vírus. No entanto, surge um debate, embora muito preliminar, que é possível conciliar as atividades empresariais que são diretamente dependentes de públicos e o fechamento de instituições.

É possível, segundo o que se propõe, um fechamento parcial, de portas, de horários, de frequência simultânea de públicos, afastamentos seguros entre pessoas, uso rigoroso de máscaras, entre outros cuidados que impeçam aglomerações . É o que se propõe mas que exigem colaboração da população, de empresários e autoridades municipais, com fiscalização rigorosa. De resto é o que, mais ou menos, está fazendo o comércio e empresas dependentes de contato direto com públicos. Mas será preciso que a população coopere, o que não é fácil neste Brasil onde preponderam maus costumes, aglomerações, festas e reuniões clandestinas.

A verdade é que vários segmentos da atividade empresarial estão falidos ou à beira do encerramento. Muitos já fecharam, com graves consequências sociais e econômicas. Em Belo Horizonte já encerraram suas atividades mais de 60 hotéis. E outro tanto funciona precariamente, esgotando seus últimos recursos. A quebradeira entre bares e restaurantes é ainda pior. O mesmo se repete no interior, com raras exceções. Nas cidades turísticas, como Ouro Preto e Mariana, a economia voltada para visitantes sofre ainda mais, pois estão escassos os turistas brasileiros e internacionais.

As Prefeituras, com apoio dos setores empresariais, poderiam desde já traçar um programa de convivência responsável entre a restrição de atividades, quando possível, e as devidas medidas para evitar as aglomerações ou convivências perigosas. É claro que será necessária campanha ampla de esclarecimentos, ganhando o apoio de toda a comunidade e das instituições com influência na opinião pública. E assim terá que ocorrer até que a vacinação evolua, o que precisará de muito maior número de vacinas, o que é uma dificuldade atual, por incúria do governo federal que, em tempos úteis, não providenciou aquisições no exterior. 

A prática deste sistema, híbrido, é plenamente possível se houver cooperação consciente e colaboração responsável entre a população e os empresários. E que poderia evitar falências, perda de empregos, de rendas públicas e muito mais. Seria uma maneira emergencial para evitar a perda de empregos, que já vitima milhares de pessoas, aumentando gravemente a existência de famílias sem condições de alimentação. Que o debate sobre esta proposta se amplie e possa alcançar, com rigor e responsabilidade solidária, uma convivência que salve empresas, vidas e empregos.

*Jornalista (maurowerkema@gmail.com)

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