Mauro Werkema
Cientistas e climatologistas são unânimes em predizer que ou o Brasil comece imediatamente a elaborar e implantar uma ampla rigorosa agenda de preservação do meio ambiente ou então o país estará se condenando a um futuro incerto. As estatísticas dos desastres ecológicos que se abateram sobre o Brasil ultrapassam mesmo as previsões e advertências dos ambientalistas mais pessimistas tal sua extensão da crise climática que assola o país, com calor excessivo, falta de chuva por mais de 160 dias em várias regiões, fogo destruindo biomas essenciais à vida, na Floresta Amazônia e no Cerrado, impedindo a vida animal, o agronegócio, as condições de vida ribeirinhas, falta d’água, a poluição do ar quente e sem humidade. E muitas outras consequências.
Será possível construir esta agenda, que todos sabem necessária e urgente? A indagação é necessária porque as dificuldades são muitas. Já o governo federal tenta uma agenda ambiental, mas sabemos da extensão territorial brasileira, da falta de recursos nos montantes e abrangência exigidos, a incapacidade de mobilização de recursos técnicos, financeiros e humanos perante a rapidez e a urgência exigidos. E mesmo a passividade de governos, estaduais e municipais e até certo negacionismo que espera a chuva chegar e ainda crê que a crise é passageira, pois o mundo é assim mesmo, cíclico e que ainda vai durar muito.
A verdade é que o brasileiro é displicente com o meio ambiente e com a passividade criminosa de entes políticos, em especial o Congresso Nacional que desconhece a crise, hoje a questão mais grave deste imenso Brasil. Não vemos no Congresso qualquer avanço, nem mesmo discussão, em torno de uma agenda ambiental. Está voltado para a agenda conservadora dominada por visões ideológicas atrasadas e interesses pessoais, eleitorais e de busca de mais privilégios, especialmente as famigeradas emendas parlamentares que, este ano, já transferiram R$ 39 bilhões a deputados e senadores. Mas querem mais.
Ainda não é possível dimensionar o avanço das queimadas e as consequências que terão na economia, no agronegócio, nas lavouras e nos preços dos alimentos, no ar que respiramos. Mas o Brasil precisa tomar providências, amplas, graves, abrangentes para minorar as consequências do que estamos assistindo e tentar evitar novos desastres, até porque está prevista para 2025, em Belém do Pará, a Conferência da ONU sobre Mudança do Clima. E a região amazônica, preocupação mundial por sua importância no clima mundial, é das mais atingidas pelo fogo e alterações climáticas. Será preciso, é bom enfatizar, um grande e concentrado esforço brasileiro, com todas as forças do país, para conter a devastação climática e interromper o ciclo de destruição.
É preciso também que haja plena compreensão de que vivemos “um novo normal”, ou seja, o mundo é outro nas diversas ocorrências que alteram a realidade, até então tida como normal, com novos e imprevistos eventos previstos do clima, das estações do ano, das ocorrências de calor e chuva. E a questão não é só de responsabilidade governamental, mas de toda a sociedade, governos estaduais e municipais, empresas e até cidadãos. Os crimes ambientais, e são muitos, tamanhas as fontes de poluição, precisam ser diagnosticados, impedidos e punidos os responsáveis, em verdadeira cruzada nacional. Esta é a realidade que se impõe ao mundo e particularmente ao Brasil.
A mudança que o Brasil precisa fazer é imensa. Mas é importante lembrar: proteger os rios e as matas ciliares, incentivar o consumo controle da água e sua reprodução, reduzir a poluição industrial, reduzir a geração de carbono e de efeitos destruidores dos gases que protegem a calota planetária, levar à cadeia incendiários, reforma urbana para evitar ocupações desordenadas e perigosas, proteger populações ribeirinhas, proteger populações indígenas que preservam as matas, desenvolver a consciência preservacionista, mostrando que o mundo mudou a o nosso habit comum, o planeta terra, está em crise.
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