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Brasil cresce, mas precisa garantir sustentabilidade

Mauro Werkema

O crescimento de 3.0% para o PIB brasileiro previsto para este ano é uma boa notícia em meio a tantas dificuldades políticas, econômicas e climáticas que afligem o Brasil. Mas a preocupação principal em debate pelos economistas é a sustentabilidade deste ritmo de crescimento econômico, ou seja, que o Brasil consiga manter esta trajetória de expansão e garantir os benefícios resultantes que fundamentam a construção de uma sociedade mais justa e sustentável. É o que se espera para este Brasil que precisa crescer economicamente, em ritmo consistente, para gerar empregos e distribuir rendas, reduzindo o elevado índice de desigualdade social, pessoal e regional. O que o Brasil pode conseguir, pois tem plenas condições de alcançar um desenvolvimento econômico e social ainda maior e em ritmo constante.

A inflação está em 3,9%, ainda dentro da meta de 4,5%. O desemprego caiu para 6,9% da população, o menor dos últimos muitos anos, a reforma tribtária-fiscal, que precisa ser votada ainda este ano na sua regulamentação, também oferece esperança de melhorar as condições econômicas e empresariais. E a taxa de investimento, público e privado, na atividade econômico, cresceu 16% este ano, outro número expressivo. E está ampla a oferta de crédito, especialmente pelos programas do BNDES e do Programa de Aceleração do Crescimento. Há que se cuidar da trajetória da dívida pública, reduzindo o déficit orçamentário, questão crônica de desequilíbrio entre o que o governo arrecada e o que gasta.

Mas o superávit orçamentário só se conseguirá com o crescimento econômico. Não é um equilíbrio fácil de se conseguir pois não é justo prejudicar os mais necessitados, de baixa renda, o trabalhador e o pobre, em um país onde é imensa a população que ainda precisa de vários programas sociais, como o auxílio a família e o Minha Casa Minha Vida, subsídios à educação e ao emprego, entre outros. Sustentam os economistas que se o Brasil conseguir manter um crescimento de 3,0% nos próximos anos, será possível melhorar muito a condição sócio-econômica do país em breve tempo.

A economia, na visão clássica da teoria econômica, se realiza na relação entre oferta e demanda e sua interdependência. A oferta, com a expansão da produção agroindustrial está em crescimento o que ocorre também na demanda, dada pela capacidade de compra pela população, pelo aumento do emprego e melhoria da renda. Mas a oferta precisa manter seu crescimento, o que implica em investimentos nos setores dinâmicos da economia, na indústria, na produção de alimentos, na oferta de empregos, em especial no setor de serviços, que já apresenta bons resultados. Entra nesta equação o custo do dinheiro, muito alto no Brasil com a taxa Selic mantida pelo Banco Central em 10,5%, e com possibilidade de pequena elevação para conter a inflação na meta atual.

Mas é fato que o Brasil vai melhorando e pode crescer mais. Tudo indica que o investimento crescerá inclusive o estrangeiro, a credibilidade internacional brasileira está alta, o governo trabalha para sustentar os fundamentos da economia estabilizados. Duas preocupações, graves, ainda dominam o horizonte brasileiro: a conduta do Congresso Nacional, conservador, resistente a votar matérias urgentes relativas a necessidades de normalização da vida nacional, e a questão climática, que hoje assombra todo o mundo.

A divisão ideológica e sua radicalização podem ser consideradas outro fator de dificuldade à trajetória brasileira para um novo período de crescimento. O debate político é essencial à democracia, mas não pode ser destrutivo, reacionário, antipatriótico, com visões estreitas e sem visão de futuro ou apenas visando o poder, a qualquer custo, com arroubos golpistas e resistência com base em conservadorismos atrasados.

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