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Amazônia é terra sem lei e de crimes sem controle

Mauro Werkema*

O desastre ambiental da Amazônia já causava reações em todo o mundo e é motivo de imenso desgaste internacional da imagem do Brasil. Agora, com o trágico desparecimento do indigenista Bruno Araújo e do jornalista inglês Dom Phillips, esta péssima reputação amplia-se e adquire novas aspectos, e ainda mais negativas. A partir de agora, a Amazônia, que o mundo vê como um patrimônio natural de todos, torna-se ainda objeto de ainda maiores preocupações, pois passa a ser reconhecida como uma espécie de território livre para diversos crimes e operação de quadrilhas, organizadas e com atuação á margem da lei.

Doravante, o problema da Amazônia adquire novo patamar e fica mais ainda mais grave. Operam na Amazônia, como mostra concretamente o que ocorre na região do Vale do Javari, na divisa do Brasil com o Peru e a Colômbia, muitas quadrilhas, traficantes de drogas, exploradores da madeira, garimpeiros, invasões de terras indígenas, que dominam a região e, até agora, não encontram dificuldades para agir. A morte do indigenista e do jornalista inglês expõe esta dramática realidade, entre muitas outras que afligem o Brasil nos nossos dias. Mas, a partir de agora, com ampla repercussão internacional e novas cobranças e acusações, além das muitas ampliadas nos últimos anos. 

Tornou-se terra sem lei, valhacouto de bandidos, assassinos, que atuam sem restrições, aproveitando a omissão das autoridades brasileiras. Os órgãos de controle e fiscalização, como o Ibama, O ICMBIO, a Funai, aprópria Polícia Federal, as Forças Armadas que mantém bases na região, demonstram incapacidade, imobilismo, descaso, com os muitos crimes, invasões, explorações da cobertura vegetal e do subsolo. Atuam na Amazônia quadrilhas de toda espécie, à margem dos poderes públicos, que já davam péssimo exemplo com sua incapacidade de evitar a devastação ambiental, com queimadas ou desmatamento.

O que podemos esperar da Amazônia doravante? Terá o governo brasileiro, nas suas diversas organizações, condições efetivas de combater a criminalização da região e as quadrilhas que assaltam seus recursos naturais? Terá condições de conter a devastação? E de proteger as populações indígenas, invadidas, assediadas, assassinadas, expulsas de seus territórios pelo crime organizado? A Amazônia passa a ser vista por todo o mundo com olhar ainda mais negativo, como terra sem lei, que já sofria grave devastação ambiental, entre outras desumanidades, encontrará condições de recuperação e eliminações de invasores e criminosos de toda espécie? Estas são as indagações urgentes e indispensáveis que se colocam agora.

Assassinatos, invasões e explorações ilegais, entre muitos outros crimes já vem ocorrendo há vários anos. E se agravaram nos últimas poucos anos. Mas foi preciso estas trágicas mortes, com repercussão internacional, para que a tragédia amazônica rompesse novas fronteiras e novos limites da criminalidade para que possa despertar uma nova consciência, um novo patamar de desgaste. O Brasil, já desgastado nos organismos internacionais, certamente amplia muito mais sua péssima reputação. Resta-nos esperar, mesmo em período difícil, que o Brasil reaja, com a responsabilidade e a energia que a situação exige. É o que todos aguardamos.

*mauro.werkema@gmail.com
 

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