Inhotim, museu a céu aberto em meio a um jardim botânico, ocupando 140 hectares, está implantado em uma antiga mineração. Também o Parque das Mangabeiras, na Serra do Curral, foi construído com a recuperação de área degradada por antiga mineração. Do outro lado da Serra, extensa área minerada, pela antiga MBR, hoje Vale, abandonada, seria espaço para um parque público para Belo Horizonte. No Brasil, e em todo o mundo, muitos são os exemplos de que é possível como desejável a recuperação de áreas mineradas, existindo tecnologia ambiental e ecológica que torne possível sua transformação em parques, jardins e museus como também podem destinarem-se a vários outros equipamentos públicos para uso das comunidades. De resto, a legislação mineral já prevê que as “minas descomissionadas” devem ser recuperadas na sua cobertura vegetal e de outros elementos de sua origem natural. Esta questão encontra absoluta atualidade quando a mineração discute exatamente como reduzir impactos ambientais e retribuir benefícios às comunidades.
E é o que está discutindo o IBRAM (Instituto Brasileiro de Mineração), conforme seu documento “Qual á a mineração do futuro” em que propõe transformações que garantam não só “segurança operacional” em suas minas, barragens e rejeitos, mas a preservação dos ecossistemas e a biodiversidade mas também o relacionamento com municípios e comunidades, além da indispensável mitigação dos impactos ambientais. O futuro da mineração, portanto e como é desejável e urgente em Minas Gerais, vai além da modernização tecnológica da extração mineral, acelerada por maquinários modernos, e também com maiores lucros, para um novo alcance social e cultural, justo e ético.
Em 1999, a UNESCO criou o Projeto Geoparques, incluindo no Programa do Patrimônio Natural Mundial. Integra o Programa Reservas da Biosfera, que já tem áreas protegidas em Minas. Propõe o uso turístico-cultural de áreas mineradas, sua história, reminiscências e equipamentos. Em Minas Gerais muitas área se prestam à criação de geoparques para o geoturismo. E já existem propostas objetivas contidas em estudos e projetos elaborados pela UFMG e UFOP para várias áreas do Quadrilátero Ferrífero de Minas, em especial nas cidades históricas.
É o caso do famoso Morro de Santo Antônio, entre Mariana e Ouro Preto, duas cidades turísticas e mineradoras, onde começou a ocupação do território interior do Brasil-Colônia nos anos finais do Século XVII, com a corrida pelo ouro. E onde existem vestígios de imenso valor histórico e arqueológico, construções remanescentes e antigas minas. Presta-se a um Museu da Mineração, contando sua história, a evolução da extração mineral, mineralogia. Minas, é bom lembrar, começou com a mineração e dela depende até hoje. Este projeto, já estudado pelo IPHAN, tem apoio das Prefeituras e seria uma grande retribuição da mineradora Vale, e outras, à região, onde até hoje minera e que foi atingida pelo rompimento da Barragem do Fundão. E enquadra-se no esforço do IBRAM por apresentar a mineração, do ouro ao ferro, evolução, presença atual e a indispensável visão de futuro.
*Jornalista (mwerkema@uol.com.br)