Nylton Gomes Batista
Mais uma vez, estou eu a caçar sarna para me coçar, ou seja, a bulir num assunto melindroso, polêmico em vários aspectos, verdadeiro vespeiro, mas como não estou aqui para agradar a ninguém, de A a Z, mas simplesmente expressar o que penso, enquanto ainda posso, dentro de certos e conhecidos limites, solto o verbo e pronto. Sou o que sou e “num tô nem aí”!
Na batalha pelos direitos ainda defasados da mulher, sempre tida e havida como sexo frágil, apresenta-se a violência como grande obstáculo. É que, no ambiente doméstico, onde mais constante deveria ser a harmonia, costuma prevalecer força e voz do homem. Os dois gêneros são diferentes em aspectos, porém no todo são iguais! Entretanto, a título de combater a violência doméstica, criam-se normas e leis de proteção exclusivista à mulher, até parecendo ser ela sempre e unicamente vítima, o que não é verdade. Criou-se até um termo para caracterizar assassinato, no qual a vítima é mulher: feminicídio!
Acontece que violência não é só pancadaria, tiro e sangue! Há também a violência silenciosa, contínua, que pode não deixar marcas físicas, embora e eventualmente chegue à letalidade; e esse tipo de violência, comum aos dois lados, é mais praticado pelo elemento feminino. Não se trata aqui de negar a violência masculina, que se combate e deve ser combatida como qualquer outra, porém mostrar que o trabalho está sendo feito pela metade. Há uma cultura machista que, paradoxalmente, oculta o outro lado da violência, da qual o homem é vítima. Há violência doméstica contra a mulher? Há! Mas, há também contra o homem, que não aparece por não ser denunciada! Se há feminicídio, há também “masculinicídio”! O homem, por vezes, também sofre ameaças e tentativas contra sua vida, mas, por vergonha machista não denuncia. O homem violento, dentro de casa, faz barulho e quer plateia para as cenas de terror. Quando advertido de que pode ser preso, o “besta” ainda se gaba: cadeia foi feita pra homem! Quanto ao outro lado da moeda, dá-se menos destaque aos casos de vítima masculina. Entretanto, a literatura policial e registros na imprensa são ricos em casos de envenenamento, acidentes armados por si ou encomendados a terceiros, mais tretas e mutretas destinados a converter o companheiro em “presunto”. E em grande parte desses casos, a “masculinicida” continua anônima! Entre os muitos casos, que conheço, relato um.
Casal e filho ainda pequeno levavam vida, aparentemente, tranquila. Ambos trabalhavam como empregados, porém em horários diferentes. Lá um dia, o marido, ao pegar seu prato de comida, notou estranha e quase imperceptível espuma no canto do prato. Ele lançou aquela porção de comida no terreiro, onde algumas galinhas ciscavam. Poucos minutos depois, as galinhas estavam mortas. Assustado, deu sumiço na comida, mas nenhuma providência tomou para apurar o fato. Passado algum tempo, estando sozinho em casa, notou haver algo entre o colchão e a estrutura dos pés da cama. Era um machado bastante e recentemente afiado. Mais uma vez ele nada fez para que fosse explicado o machado em local inapropriado, mas tomou a decisão de se afastar da mulher, silenciosamente. Entendeu que o filho ficaria melhor com a mãe e se mudou de cidade.
De longe, por intermédio de pessoas de confiança, obtinha notícias do filho, que frequentava escola e prosseguia bem cuidado pela mãe. O que não lhe agradava era o fato de a ex-companheira alimentar a mente do filho com falsas informações sobre o pai. O filho se formava e se educava, alimentado pelo ódio contra o pai, a partir da imagem deste construída pela mãe. Com exceção das fortes evidências de suas intenções contra ele, o homem nada dizia da mulher, nenhum defeito, nenhuma queixa, nem mesmo depois de receber a notícia de que ela falecera. Passado pouco tempo, o pai se alegrou com visita do filho, já advogado, que o procurara; seria a reconciliação – acreditou ele. O filho deixou com ele, para que lesse e assinasse, um documento destinado a regularização de imóvel, do qual o pai detinha a posse. Analisado o documento por pessoa amiga, constatou-se que o filho, na verdade, tentava dar-lhe uma rasteira, tomando o imóvel para si. Descobriu-se também que o mesmo imóvel tinha sido vendido, de forma fraudulenta, pela falecida, vindo a transação a ser anulada, na Justiça, depois de descoberta a mutreta. Ironicamente, o homem sobreviveu também ao filho!
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