Nylton Gomes Batista
Tristeza é sentimento doído, brotado lá nas profundezas do eu humano, tendo como causa alguma perda, de qualquer natureza, notadamente, a morte de semelhante próximo, do círculo familiar ou do círculo social. Não há ser humano que, em algum momento da vida, não tenha sentido o peso silencioso desse sentimento. Ela não é inimiga, tampouco vilã.
A tristeza é parte do “pacote” que diferencia humanos de outras espécies e lhe incute a noção de pertencimento ao todo, a partir do que lhe está mais próximo. A tristeza é, portanto, emoção inerente à natureza humana, talvez uma pausa forçada para se inteirar de que perdas fazem parte do transcurso da vida. A morte de alguém, entre os mais queridos, é uma das causas mais profundas de tristeza. O luto é um processo natural, necessário, e, cada pessoa o vive de forma única. De certa forma, há que estar preparado para esses momentos, nem sempre previsíveis. Rupturas afetivas, sejam no campo amoroso, no âmbito das amizades ou por distanciamentos familiares também são causas de muito sofrimento interior, portanto, muita tristeza; também nas frustrações, quando metas não são alcançadas, quando se sofre rejeição, quando se sente como agente causador de falha, a tristeza se manifesta e o mundo parece ruir em torno de si; Mudança de cidade, brusca e indesejada, perda de emprego, descobrir-se portador de doença conforto pode, a depender de seu perfil psicológico, gerar tristeza; solidão, configurada por ausência de vínculos afetivos ou sentimento de não pertencimento, pode ser devastador. Há que observar que, aqui, solidão não significa, necessariamente, estar só, fisicamente. Uma pessoa pode estar isolada, em qualquer parte, e se sentir conectada ao mundo por meio do pensamento, além de plena interação com a natureza à sua volta. Ao contrário, pode-se sentir-se só, estando no meio da multidão; e esta é a pior solidão! Por fim, está a considerada pior causa da tristeza: em certos momentos, felizmente, não entre todas e quaisquer pessoas, pergunta-se quanto ao sentido da vida, quanto a uma missão, quanto ao tempo que passa. É a conhecida crise existencial a sacudir mentes atordoadas com o que consideram o vazio da vida, num mundo sem propósito. Como se pode perceber, esse tipo de melancolia acomete, em especial, pessoas de determinado perfil; pessoas voltadas ao plano físico, sem qualquer crença em vida a continuar no plano espiritual. A grande maioria das pessoas, ainda que sem vínculo religioso, sendo espiritualistas convictas, intuem sobre os propósitos da vida e não se atormentam com o pressuposto vazio do outro lado. Excetuada a crise existencial, cada uma das demais causas pode esconder, atrás de si, outro fator, na verdade, a origem camuflada do problema.
O apego a pessoas, coisas ou condições é próprio do ser humano; é fator de equilíbrio, ajudando-o na valorização de tudo que o envolve. Entretanto, se esse apego se excede, vem o sofrimento, quando falha ou desaparece o objeto do apego. Há que manter equilíbrio em todos os sentidos. Assim como em outros casos, o excesso é pernicioso, o apego demasiado pode ser causa ocultas do sofrimento representado pela tristeza. Há que estar sempre consciente de que, neste plano, nada é para sempre, nada é definitivo; o que é, hoje, amanhã poderá não ser.
A tristeza é sentimento, normalmente, passageiro, podendo persistir por alguns momentos, horas, dias, até semanas, a depender do perfil psicológico da pessoa, e, quanto mais tempo persistir, pior para o estado geral da pessoa acometida. Buscar distração é o melhor caminho: ouvir música vibrante e alegre – não o estilo dominante, “música horizontal” ou “música deitada”, caracterizada por três ou quatro notas repetidas, do início ao fim -; participar de conversas alegres; sair para passeios com pessoas interessantes; assistir a bons programas humorísticos; assistir a bons filmes cômicos. O que uma pessoa, em estado de tristeza, nunca deve fazer, mas, nunca mesmo, é recorrer à bebida alcoólica!