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Ponto de Vista do Batista
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“Tamo” na mão de calango!

Quando se pensava estar o país a caminho de mais segurança, mais respeito às leis, menos violência e mais combate à criminalidade por parte das forças da segurança, lá vem um fato a jogar por terra a primeira impressão e colocar a sociedade cara-a-cara com o perigo de recrudescimento da violência.
O que aconteceu em Sobral, interior do Ceará, dia 19, quarta-feira da semana anterior ao carnaval, quando um senador da República quase foi morto a tiros, numa manifestação que envolvia policiais militares amotinados, dá o que pensar. Dá o que pensar e serve de alerta para o que ainda poderá acontecer, se persistir por muito tempo este sistema político-partidário, antidemocrático, vergonhoso e corrupto.
Fortaleza está, há algum tempo, sob ataque de facções criminosas, assim como o Rio de Janeiro, levando populações inteiras a momentos de pânico, por ocasião dos confrontos entre si ou com as forças policiais. A capital cearense já esteve, praticamente, nas mãos dos criminosos, em disputa pelo poder no âmbito do tráfico de drogas: coletivos incendiados, comércio sob ameaças e paralisado, lixo acumulado nas ruas por imposição dos criminosos, tentativas de destruição de pontes e viadutos mediante explosivos. Verdadeiras ações bélicas foram praticadas, sem levar em conta a população que trabalha, que estuda, que produz e paga impostos. Crime sempre houve e sempre haverá porque o Homem não é santo, mas a situação a que chegou o pais se deve ao acumpliciamento do Estado com o crime, deixando de combater a criminalidade com o devido rigor, abrandando leis, excedendo-se nas concessões aos presidiários, enfim, alargando a impunidade pré-existente e, injustiça das injustiças, nenhum amparo às vítimas dos crimes. Pois bem, justamente nesse clima, ou quando se caminhava para a, mais ou menos, normalidade, eclode um movimento rebelde, dito reivindicatório de melhor soldo, entre policiais militares cearenses. Algumas dezenas deles se declararam em “greve”, o que contraria a Lei que, por motivos óbvios, proíbe o policial militar de fazer greve. Nesse caso o estado rebelde se chama motim, insubordinação de grupo contra o comando e contra o Estado. Não importa o motivo da insubordinação. Ela deve ser punida de acordo com a lei! Passíveis de acumpliciamento com o erro dos amotinados ficam aqueles que sugerem atendimento às exigências feitas pelos agentes de segurança, que deixaram de cumprir seu dever na segurança da população, vestiram máscara à moda bandida e ocuparam quartéis. Não deve haver condescendência com o crime e o que fazem amotinados dentro do quartel é quase crime também, porque tem facilitado a criminalidade!
No sentido contrário, a violência contra a violência, sem amparo legal ou tomada à revelia, por quem quer que seja, merece a mesma punição, ainda que o envolvido seja senador da República. Avançar sobre os portões do quartel com o intuito de invadi-lo, usando uma retroescavadeira, foi um ato estúpido, próprio de débil mental ou de alguém que se julga acima de tudo, além de “dono político” da cidade. O que se espera dele, assim como de todos os políticos, são gestões de bom senso em que prevaleçam os interesses de toda a sociedade, sob clima de serenidade e de segurança, enquanto se discutem, à parte e sob o amparo da lei, os questionamentos de grupos. Fazer o que fez o senador é comparável ao lançamento de gasolina sobre imóvel em chamas! Ainda teve a petulância de posar de herói, após receber socorro e se recuperar do tiro recebido. Seu ato foi de bandido, tanto quanto o dos mascarados amotinados dentro do quartel! Se quisesse mesmo colaborar com a coletividade mediante o uso de uma retro, deveria ter comparecido a outros pontos do país, onde, no mesmo dia, ocorreram chuvas torrenciais, causando alagamentos, deslizamentos de terra, soterramentos, bloqueios de rodovias e outros transtornos. Naquele mesmo dia, uma retro foi utilizada, em São Paulo, para socorrer pessoas ilhadas no trânsito da cidade inundada. E o orgulhoso senador a valer-se de sua habilidade extra, na tentativa de invadir quartel ocupado por policiais militares amotinados. O tiro foi ato criminoso, mas a intenção de avançar sobre o quartel com a máquina também foi. Se, no lugar do senador, estivesse um “zemané” ou “marimanela”, por certo que seria preso(a) e execrado(a) pela mídia e opinião pública.
Com políticos dessa laia à frente, o Brasil não vai a lugar nenhum! “Tamo” na mão de calango!

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