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Ponto de Vista do Batista
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Revolução tecnológica na vida do escritor III

Nylton Gomes Batista

Na semana da edição mais recente de O LIBERAL, aconteceu algo, que parece encomendado para contestar parte do que aqui foi dito com relação aos novos modos de escrever, de se comunicar e de se rem publicados. Quem vivenciou o período anterior, quando escreve, sobre o assunto se empolga, e, mesmo não querendo, acaba por passar a ideia de tudo, agora, ocorrer às mil maravilhas e que não mais há contratempos. Contratempos há e sempre os há! Este texto é uma tentativa de escrever, da mesma forma, o que era para ter circulado, na semana passada. Estranho e inexplicável o que aconteceu, pois, ao concluir o texto, enviei-o ´redação do O LIBERAL e ele, lá, não chegou! Constatei isso, casualmente, ao verificar outro item na lista “enviados”, onde a cópia da mensagem deveria estar e não estava.  Apenas esse detalhe já era estranho, pois eu tinha certeza do envio da geme, executado domingo, à tarde. Para sanar a falha junto à redação do jornal, fui à pasta correspondente, encontrei o arquivo e o abri: surpresa ainda mais estranha e desagradável! Não havia texto, apenas minha assinatura ao pé página! Mas, como? Se tivesse feito anexação do arquivo à mensagem, mas tenho evitado esse recurso, justamente em razão de falhas já ter acontecido. Procedi como sempre: copiei o texto e o colei dentro de uma tabela, em outra página do próprio Word, de onde, novamente, copiei e colei no corpo de mensagem do G-mail. Como não enviado, não ficou cópia; podia ter ficado o rascunho, mas também não ficou. O episódio serve para demonstrar que tecnologias são criadas com vistas ao desenvolvimento. Contudo, nem sempre estão isentas provocar ações deletérias. Portanto, nem tudo são flores!

“De volta à vaca fria”, o escritor, profissional de iniciativa própria, na produção de textos, para si ou para terceiros, quando por estes contatado, é o exemplo mais convincente da nova era, aberta pelas novidades tecnológicas, surgidas a partir do computador pessoal. Pode-se dizer que, em sua área de atividades, concentram-se todos os benefícios decorrentes do avanço tecnológico. Entretanto, os benefícios são universais e, entre eles, destaca-se a rapidez, a premiar expectativas do ser humano, eterno fascinado por velocidade!

A propósito, não há muito tempo, recebi por rede social notícia de acidente rodoviário, no perímetro urbano de Cachoeira do Campo, não havia quinze minutos desde só ocorrido. A postagem fora feita por residente local, em cm viagem no Peru. É a realidade da comunicação, praticamente instantânea, na atualidade. Se, no local do evento, há alguém a portar celular, a notícia pode chegar a qualquer parte do mundo, em questão de segundos. Para mostrar o contrário, retrocedemos ao período colonial. Certa vez, estando a examinar documentos do tempo de Vila Rica, nos “arquivos” (na verdade, um amontoado de livros e documentos em meio a poeira e usina de ratos) da Prefeitura Municipal de Ouro Preto, deparei-me com um comunicado da corte portuguesa: nascimento de um príncipe. A seguir, encontrei decreto do governo local: feriado de três dias, para celebrações em regozijo, que incluíam canto solene do “Te Deum Laudamus”, na igreja-matriz do Pilar, guirlandas de flores nas fachadas das residências e noites de luminárias, além de fogos de artifício, a partir da “Volta da Girândola” (na subida para o Morro São Sebastião). Mais à frente, outro comunicado, porém de natureza oposta: falecimento do mesmo príncipe e correspondente decreto local de luto por três dias, celebração de Missa de Requiem, na matriz do Pilar e colocação de panos pretos nas fachadas das residências. A curiosidade me levou a conferir as datas dos dois eventos. Quando se realizaram as celebrações, o príncipe já havia morrido!

Se perguntado qual o grande diferencial entre a comunicação do período colonial, por exemplo, e a da atualidade, posso afirmar, categoricamente, que a grande maioria responderá ser a brutal redução do tempo. Da Europa ao Brasil e vice-versa viajando, em embarcações â vela, sujeitas a imprevistos de toda ordem, notícias gastavam entre quarenta e quatro e sessenta dias. Será mesmo a maior velocidade, na “viagem” da notícia, o grande diferencial?

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