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Ponto de Vista do Batista
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Reflexões que o povo brasileiro deve fazer XXV

Um governo, para ser verdadeiramente democrático, teria que ser imparcial, não ligado a qualquer grupo, para que todo cidadão se sentisse ali representado. Isso não ocorre, pois ele é quase uma extensão do partido que o elegeu, embora por meio dos votos de hipotética maioria (lembre-se que os votos nulos não computados como vontade do eleitor) que inclui eleitores de outros partidos.
Já dividida por questões de fronteiras, etnias, línguas, culturas, religiões e outros fatores de menor relevância, a humanidade não precisa de mais divisões, sobretudo nas questões que envolvem a busca do bem-estar, individual e coletivo que, necessariamente, deve estar confiada à instituição pública configurada como estado de direito. A média das vontades individuais, sem qualquer pressão de grupos, deveria ser o perfil dos governos, para não incorrer em erro e injustiça clamorosos. Sabe-se que, em razão da imperfeição humana, isso não se consegue, mas não impede que se busque o aprimoramento do estado democrático, eliminando fatores que constituem barreiras entre a vontade do povo e o governo.
Como o próprio nome diz, partido é uma parte da população que compõe a nação; é um grupo que está no poder ou pretende estar e, para isso, se vale de tudo, ou quase tudo, para conquistar os votos necessários para lá chegar, independente do que possa pensar o eleitor, dos anseios por melhorias e da necessidades amargadas pela coletividade. Embora se diga que “Democracia é o regime político em que a soberania é exercida pelo povo”, em nenhum momento esse povo tem o poder de controlar os eleitos, fazendo-os cumprir seus deveres inerentes ao mandato recebido e os impedindo de proceder como bandidos na apropriação de recursos públicos. Qual cidadão(ã) que, havendo votado nalgum dos apanhados pela Justiça, teve o poder de lhe retirar o voto dado? Na versão inversa, qual cidadão(ã) teve o poder de confirmar o voto dado a alguém, por si (o eleitor) considerado correto e cumpridor dos deveres? Ninguém, mas ninguém mesmo, tem qualquer controle sobre o que faz ou deixa de fazer qualquer político assentado no poder, que seria, soberanamente, exercido pelo povo. Ao contrário, o cidadão(ã) leva a pecha de “culpado(a)” por não saber votar, quando o eleito mete os pés pelas mãos e faz lambança. Lembre-se que a escolha primária não lhe cabe, mas, ao partido ou aos seus “donos”, nas ditas convenções partidárias. Resumindo todo o sentido do voto dado pelo eleitor: um cheque em branco com o qual o candidato, se eleito, fará o quiser e como quiser. Quando ele faz mau uso do cheque – e quase sempre o faz – o povo paga a conta.
É engraçado isso? Até quando persistirá essa coisa descabida, na qual só o povo é perdedor? Há que haver um basta! E é aqui que a porca torce o rabo! De acordo com a lógica, quem está a ganhar não tem interesse em mudança das regras do jogo. Por isso, o povo não deve esperar mudança por iniciativa dos políticos, pois isso nunca se fará; qualquer reforma que fizerem terá como objetivo principal o interesse deles. A manter-se o atual sistema, o povo será sempre o meio no qual eles fazem suas manobras, mas, nunca o fim a ser beneficiado por trabalho político. Cabe a quem perde, o povo, naturalmente, exigir a adoção de sistema coerente com o conceito de democracia, no qual prevaleça a vontade do povo, livre das amarras partidárias.
O sistema que aí está já deu o que tinha que dar! Deu corrupção, deu quadrilhas dentro da estrutura do Estado, deu prejuízos à economia nacional, deu atrasos ao desenvolvimento da nação, deu miséria aos segurados da Previdência Social, deu recuo na formação dos jovens e no preparo dos futuros cidadãos, deu falta de segurança à população, deu mais força ao banditismo e deu injustiça a todos. Deu tudo o que não deveria ter dado! O eleitor brasileiro sempre foi criticado, pelo sistema, é claro, por ver primeiro a pessoa, o candidato(a) e, depois, o partido. De fato, pesquisas recentes apontaram cerca de 45% favoráveis a uma democracia sem partidos. Esse é um fator que deve ser bem explorado, visando ampliação da faixa de apoio e, finalmente, conseguir-se a implantação de uma democracia sem partidos. Ela pode não ser perfeita, mas pode ser melhor que o sistema vigente. Que venha a democracia aberta, um sistema no qual o povo pode ter maior participação. Instalada, a democracia aberta ainda não existe em nenhum lugar do mundo. Entretanto, ela existe no pensamento de muitos que aspiram pelo pleno aproveitamento das potencialidades de cada povo, de cada nação unida em seus propósitos de paz e desenvolvimento. Que o Brasil seja a primeira nação a tê-la!

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