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Ponto de Vista do Batista
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Reflexões que o povo brasileiro deve fazer XX

Fechado, como está, dentro de partidos políticos, o sistema vigente jamais será uma democracia, de fato, pois, em se tratando de política, ele não dá ao cidadão a liberdade de escolha entre o “sim” e o “não” (votar ou não votar, por exemplo); a liberdade de rejeitar totalmente o “prato feito” apresentado pelos partidos (voto nulo) e ter respeitada essa posição no cômputo geral dos votos; de poder candidatar-se, independentemente de qualquer partido (é obrigado a se filiar a um). Quanto aos eleitos, embora assim qualificados mediante os votos recebidos do eleitorado, este não tem nenhum poder sobre a atuação daqueles políticos que, na maioria das vezes, exercem o mandato no sentido contrário ao prometido durante a campanha.
É dito que a “democracia é o regime político em que a soberania é exercida pelo povo”; ou, “é um regime político em que o poder pertence ao povo”. Tudo muito bonito no papel e emocionante ao ser ouvido nos discursos para as massas, em momentos de júbilo coletivo por alguma conquista (no futebol, por exemplo), quando o povo é mais, facilmente, seduzido. Tudo que é dito sobre a democracia é verdadeiro, mas na prática não passa de uma farsa: o poder não pertence ao povo e, sim, aos partidos, incluindo-se os da “oposição”. Ao povo só cabe pagar impostos e dizer amém!
Destaca-se para o povo que há liberdade, especialmente liberdade de imprensa, livre expressão, direito de ir e vir livremente; tudo verdade, diga-se de passagem. Aliás, no Brasil há liberdade até demais, pois bandidos sentenciados continuam a dirigir seus “negócios” de dentro da prisão”. Quer maior liberdade que essa? Mas, o ponto chave da questão está no controle do poder que, na democracia, cabe ao povo. Aí a porca torce o rabo, porque onde há partido político o poder está com ele e não com o povo.
Todo esse engodo funciona e produz seus resultados maléficos graças a algumas características humanas: individualismo a extrapolar o que é próprio ao indivíduo; pensamento voltado unicamente às próprias necessidades o que redunda em aceitação do dito por terceiros como verdade; a mentira é mais facilmente aceita e propagada do que a verdade.
O exercício do pensamento, em comparação grosseira, é como o hábito da leitura que, faltando, leva o indivíduo à dependência de terceiros para se informar. Tais pessoas, alfabetizadas, porém portadoras de “preguicite aguda”, correm o risco de ser enganadas por aquelas que as atendem. Em muitas ocasiões, eu mesmo, ao ler algo destinado ao público, fui abordado por alguém desse tipo. Sempre respondi que lesse também. Essas pessoas, por não lerem, podem ouvir da outra uma mentira maldosa que elas mesmas acabam por disseminar. Daí podem surgir “notícias falsas” ou “fake news”, expressão norte-americana macaqueada pelo tupiniquim.
Imagine-se a mesma situação no reino do pensamento. Radicalmente ligadas ao futebol, às tramas das novelas, às questões dos negócios e outros assuntos, até mesmo às divergências político-partidárias, as pessoas repassam a terceiros anônimos a responsabilidade de pensar, seriamente, sobre questões mais profundas. O que representa o voto nulo numa eleição, o conceito de democracia, a verdadeira natureza dos partidos políticos, bem como variantes dessas mesmas questões são deixadas a cargo de uma minoria que, convenientemente, distorcem conceitos a seu favor. É assim que os detentores do poder distorcem a verdade, produzem falácias em torno do que caberia ao cidadão pensar, estudar, analisar, deduzir e concluir por si só. Diante de um público apático e distante das questões mais sérias que afetam o país, mesmo porque o sistema favorece o comodismo popular, foi fácil  distorcer o conteúdo do Art. 224 do Código Eleitoral, que diz: — “Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias.” —
Só mesmo num sistema atrelado a grupos, ainda que rotulados como partidos políticos, manobra tão desrespeitosa é efetuada contra o eleitorado! Na democracia aberta, a autêntica democracia, tal golpe tão teria sido perpetrado, ou o político que o tentasse teria se “queimado”, porque sem partidos políticos, o povo estaria, de fato, no poder. Na democracia aberta, depois de empossados em seus cargos, os políticos seriam monitorados (num sistema online) por aqueles que tivessem lhe dado o voto, confirmando a continuidade do mandato ou o cassando.
Partidos políticos já fizeram mal demais à humanidade!

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