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Ponto de Vista do Batista
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Reflexões que o povo brasileiro deve fazer XIX

Sem a presença de partidos políticos, surge a pergunta sobre como o cidadão entraria e faria militância política. Dominado pela ideia de que política se faz nos partidos porque, de forma dogmática, isso lhe foi ensinado, afirmado categoricamente, e porque sempre viu assim ser feito, o cidadão fica meio perdido ante a possibilidade de opção diferente daquilo que ele conhece e no qual sua vida cidadã está enraizada.
Devido à doutrinação, que lhe foi ministrada, aqui se percebe uma certa incoerência pois, ao mesmo tempo em que não percebe a possibilidade de uma democracia sem partidos, uma democracia aberta, o brasileiro não tem tradição em votar em partidos. Ele vota em pessoas.
Quanto ao conceito de democracia que, em princípio, não necessita de partidos, o cidadão brasileiro se forma sob a ideia de que sem partidos não há democracia, e, os interessados na manutenção do atual sistema entoam a mesma cantilena, quando se fala em abolição dos partidos. Durante as grandes manifestações rua, em 2013, não muitos, porém o suficiente para se fazerem notados, grupos e pessoas isoladas mostravam faixas e cartazes, nos quais se manifestava a ideia de uma democracia sem partidos. Esse repúdio aos partidos e, consequentemente aos políticos carreiristas, fenômeno não exclusivo, porém mais forte no Brasil, está presente no mundo, especialmente na Europa. Constata-se isso em autores como o português Miguel Alexandre Palma Costa, que assina “A Democracia sem Partidos é Possível” e do qual se extrai o trecho: — …afirmar que sem partidos políticos não pode haver democracia, é verbalizar uma das maiores falácias difundidas pelos políticos que querem impor o atual sistema, como se não houvesse alternativa possível (falácia indutiva da generalização). No mundo de hoje, com a tecnologia, informação e todo o conhecimento de que dispomos, não faz sentido pensar os partidos como os únicos e legítimos representantes do interesse público. A descrença da sociedade nos partidos políticos começa a dividir populações de certos países ao meio… e, a este propósito, veja-se, por exemplo, as gigantescas manifestações de cidadãos anónimos que no Brasil gritam que os partidos existentes no seu sistema político não os representa”. Pode ser conferido em https://goo.gl/LV9Xvz — Em pesquisa realizada, há alguns anos, constatou-se, nada menos, que 45% da população brasileira manifestavam a ideia de uma democracia sem partidos.
Bem, voltemos à questão de como o cidadão entraria, ativamente, na política do sistema democracia aberta. Em teoria, no sistema atual, o cidadão entra na política mediante assinatura de uma ficha de inscrição num dos partidos existentes, distribuída a cobras e lagartos. Mas, na prática, a simples inscrição lhe confere apenas a condição de figurante, porque o poder dentro do partido está restrito a pequeno círculo, que tudo decide. Na democracia aberta, o cidadão entraria na política mediante concurso público. A cada cidadão interessado seria dada a oportunidade de fazer prova única, que avaliaria conhecimentos necessários para todos os cargos eletivos, desde vereador até presidente da República. O resultado determinaria a qual cargo o candidato estaria apto. Periodicamente, se o cidadão quisesse, poderia participar de novo concurso para avaliar sua evolução.
A democracia aberta ensejaria o surgimento de outro tipo de político, idealista e dedicado; não mais a vaidade a alimentar o carreirismo e ganância por mais poder, em detrimento do desenvolvimento da nação e das necessidades do povo. Não mais atitudes, como a de certo candidato a vereador que, em plena campanha às vésperas da eleição, procurou informações sobre como demitir o funcionário pagador, na prefeitura. Ele não pensava em servir à causa pública, mas nos seus interesses mesquinhos e pessoais, não se acanhando em dizer que seu primeiro ato como vereador seria a demissão do funcionário que, segundo seu julgamento, estaria a segurar o pagamento a que tinha direito por serviços prestados.
Felizmente, não para o funcionário que estava a salvo de qualquer maneira, mas para a coletividade, tal indivíduo não foi eleito. Na democracia aberta, sem partidos e suas mazelas, o eleitor estaria livre de se defrontar com candidatos com esse perfil, pois, certamente ele seria eliminado no primeiro passo, o concurso público! É difícil de isso ser conseguido? Atualmente, sim, pois o sistema é maquiavélico; mas, se a ideia for divulgada, ampliada e consolidada, no futuro, não mui distante, será adotada. Basta cada cidadão querer!
Partidos políticos já fizeram mal demais à humanidade!

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