Diante do ano novo, 2023, ainda fresquinho, em fase de lambidas de nascimento, e, também da situação a que foi lançada o Brasil, há que se tomar decisão – não só promessa – nestes primeiros dias do novo calendário: deixar de fazer piadas e anedotas com fim infeliz para o país, tendo políticos como personagens. Há aquela pergunta: vamos que cola? E não colou? Por muito que se escrachasse quadros e situações políticas vividas pelo Brasil, nunca se imaginou chegar ao ponto a que chegou: os bandidos no poder!
Há trinta e quatro anos, completados nesta semana, esta coluna bate na tecla da irresponsabilidade, da desonestidade, da enganação e da corrupção, que deixam a nação no escuro da carência material e das perspectivas de avanços quanto à qualidade de vida para o povo em geral. Sabia-se que o sistema era e é corrupto, razão pela qual aqui se prega a implantação da democracia aberta, sistema político ainda inexistente no mundo, porém possível em razão de que a democracia não necessita de partidos políticos ou de quaisquer grupos, pois a política deve ser exercida pelos cidadãos, debatendo, votando ou sendo votados. Politicamente, todo(a) cidadão(ã) deve ser livre para pensar e agir, bem como merece e tem direito a governos imparciais, descompromissados com este ou aquele grupo de qualquer natureza. Se assim é para o cidadão comum, com muito mais propriedade deve ser para o agente político. Mas o político também não é livre para representar o povo: está preso ao dever da fidelidade partidária. Quanto aos partidos políticos já se sabe: agem por si e para si, tendo como meta tão somente o exercício do poder, ainda que na oposição que, às vezes, pode ser mais vantajosa. O serviço ao povo é apenas detalhe secundário.
Depois de uma sucessão de escândalos, ao longo de mais de vinte anos, muita sujeira vinda à tona, desde os lodaçais mais profundos da desonestidade, uma brisa de Justiça soprou e animou a nação brasileira, já cansada de tanta impunidade. Praticamente, todos os partidos estiveram envolvidos, de alguma forma, naqueles episódios, especialmente na destacada “Lavajato”, tida como o maior escândalo de corrupção do mundo. Mas, o que se pensava ser a redenção da nação seria o princípio do que pode acontecer a um povo, quando os que detêm o poder de protegê-lo agem como algozes. Do pescoço dos condenados retiraram a corda, transformaram-na em açoite, com o qual aqueles agora flagelam o povo! Do primeiro grande escândalo de corrupção aos últimos acontecimentos, quando ex-condenados tomaram o poder mediante fraude na apuração eleitoral, tudo parece enredo de uma pornochanchada, tipo de filme, produção da antiga Companhia Atlântida. A semelhança se anula na reação do público. Risos e gargalhadas escancaradas, diante daquela ficção, convertem-se em misto de vergonha, revolta e indignação, na vivência da torturante realidade em curso. Tudo se inverte nas duas situações, pois se há escracho na ficção com o propósito de causar risos no público, na atualidade brasileira, o escrachado está sendo o povo diante do riso oculto e sarcástico da quadrilha instalada no poder, surrupiado, covardemente, assim como reles ladrão arrebata a bolsa da vítima indefesa. Convém lembrar que um ministro já anunciara, abertamente, que “eleição não se ganha, se toma”. Da mesma forma que o ladrão de rua diz à sua vítima, outro ministro debochou, “perdeu mané” ao ser abordado por manifestante indignado.
Pois é! Em consonância com aquele ministro, o sistema fez do povo brasileiro “uns manés”! Somos todos “manés”, e, “manés” seremos até o dia em que for derrubado este sistema nauseabundo; até o dia em forem abolidos todos os partidos políticos; até o dia em que o povo passará a fazer política, por si e por todos, sem que haja grupos no meio a dar pitacos: até o dia em que o cidadão será eleitor, se quiser, quando quiser a partir da maioridade e votará, se quiser e de onde estiver; até o dia em que, para se candidatar o cidadão eleitor deverá fazer uma prova, para se detectar para qual cargo está apto; até o dia que o eleitor terá o poder de cassar o político inepto, desonesto, corrupto; até o dia em que oposição se fará contra matéria em discussão e não contra o executivo; até o dia em que deixará de existir a barganha e o “toma-lá-dá-cá” a fomentar a filosofia de que “é dando que se recebe”; até o dia que os bons políticos serão valorizados e outros iguais atraídos; até o dia em que os maus políticos se recolherão à sua insignificância; até o dia em que todos estejam conscientes de que PARTIDOS POLÍTICOS JÁ FIZERAM MAL DEMAIS À HUMANIDADE! ATÉ LÁ SEREMOS TODOS “MANÉS”!