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Por que hidrogênio verde?

Por Nylton Gomes Batista
Não há muito, falou-se aqui sobre a descarbonização, assunto recorrente em todos os meios de comunicação, nos últimos anos, que muita gente lê e ouve sem entender bem do que se trata. Mas, para que se consiga descarbonizar as atividades humanas, ou seja, trabalhar e produzir, sem emitir dióxido de carbono, o gás indesejável e responsável pela poluição mais severa, há que se valer de processo que, desde o início, esteja livre do dióxido de carbono. Aí entra o chamado hidrogênio verde, também citado a todo momento na mídia.
Hidrogênio verde, mas, como? Pergunta, surpresa, pessoa não versada no assunto, achando muito estranha a tal coisa. Sabendo-se que uma das características dos gases é o fato de não terem coloração, justificam-se espanto e curiosidade em torno do nome.   Hidrogênio se produz a partir da água, por eletrólise e, no caso do hidrogênio verde, também conhecido como H2V, é a mesma coisa, à exceção de que a eletricidade empregada é obtida por meio de processos não emitentes do dióxido de carbono. São então usadas fontes de energia renováveis, como hidráulica, a eólica (força do vento) e a solar (fotovoltaica); daí a razão do nome hidrogênio verde. Sua produção não acarreta emissão de gases poluentes. A eletrólise, processo químico empregado na produção do hidrogênio comum, aqui explicado de forma simples, consiste no emprego de dois eletrodos mergulhados num recipiente com água, que assim é submetida a uma carga elétrica de qualquer origem. Desse processo resulta então a separação do hidrogênio e oxigênio, que compõem a água, cada qual recolhidos e armazenados em reservatórios diferentes.
Entretanto, para a produção do hidrogênio verde, a eletricidade tem de ser de fonte renovável, como as já citadas, não podendo ser produzida por usina nuclear, pela queima de carvão (vegetal ou mineral), pela queima de derivados de petróleo ou de qualquer outro material.
Totalmente sustentável, não emitente de gases poluentes em nenhum de seus processos, desde a combustão, passando pela produção até o momento de sua utilização, o hidrogênio verde é altamente vantajoso, em todos os aspectos. E assim como é produzido por processo que dispensa o uso de poluentes, ele pode e deve ser utilizado em todas as atividades, substituindo os combustíveis fósseis e não renováveis, evitando a poluição.
Diante da grande demanda mundial, causada pela premente necessidade de se ter energia limpa, ou seja, desligada da produção de gases poluentes, o Brasil se apresenta em posição bastante confortável pois, em contrapartida, conta com potencial para produção de hidrogênio verde não visto em qualquer outro país. Ainda não bem exploradas outras fontes de energia limpa, em 2022, segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), 92% de toda a energia elétrica produzida tiveram como origem fontes de energia renováveis. Visto por esse ângulo, o Brasil possui condições concretas de desempenhar um papel significativo frente ao processo de transição energética, notadamente com relação ao emergente mercado de H2. Contudo, há desafios a serem vencidos, sobretudo quanto ao  custo, muito alto e com barreiras intransponíveis nesse aspecto, se não confirmada a tendência mundial de queda, até médio prazo.
Vencido o fator custo, abrir-se-á ao país oportunidade significativa na viabilização de projetos voltados à substituição dos combustíveis fósseis e consequente crescimento econômico sustentável. Por confiar na superação dos obstáculos, o Brasil está a desenvolver iniciativas ligadas ao hidrogênio verde e tecnologias paralelas.
Em resumo, o hidrogênio verde é alternativa promissora para a transição energética global, e, embora existam desafios, o Brasil está bem-posicionado para se colocar na liderança, em produção de hidrogênio verde, devido à sua rica matriz energética renovável e ao compromisso com a sustentabilidade.

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