A internet é, reconhecidamente, um vasto campo de pesquisa e porta para o infinito das possibilidades e oportunidades, desde que a pessoa esteja predisposta a encará-la, sujeitando-se aos incômodos, decepções e frustrações, assim como cá fora, pois caminho atapetado com pétalas de rosa, só em sonho e… olhe lá! A grande vantagem é que, na maioria das vezes, quando se tem um objetivo a alcançar, opções são muitas e nada impede o prosseguimento nas tentativas. Ao mesmo tempo não há que enfrentar cara feia ou de má vontade; não se ouvem palavras ríspidas ou risinhos sarcásticos; portas estão sempre abertas e não há horário prefixado.
Para “fuçar” (o melhor termo é este mesmo) na internet basta o PC conectado, de preferência em banda larga, e muita disposição, conforme já dito. Não há que ter “dr” antes do nome, não precisa ter QI (quem indica?) e nem muito dinheiro; algum até que ajuda. Incômodos há e é preciso estar preparado para contorná-los. Incômodo está no site que não se abre ou já não existe, quando se o descobre e se tenta explorá-lo; pode estar na navegação” exageradamente lenta; como pode estar também na inconstância da interface do site visitado, o que leva a muita perda de tempo a cada acesso e consulta; e nas irritantes “captchas” que melhor estariam com a denominação “chatas”. Para os não iniciados explica-se o que são (ser inteligente) e não uma máquina, um robô que acessa a página. As mais antigas são um conjunto de letras captchas: são códigos gráficos fornecidos que, corretamente repetidos pelo internauta, confirmam a identidade humana. Formadas por letras e algarismo, embaralhados e de difícil leitura, constituem verdadeiro suplício o acesso a determinados sites. Já existem captchas menos irritantes, como uma operação aritmética simples, por exemplo, mas há sites que primam pelo sadismo como os de alguns órgãos públicos, que teimam naquelas primitivas e enervantes, provocando mais de vinte tentativas sem solução.
Afora incômodos, há também perigo real na internet, especialmente para criadores de escorpião no bolso, que se negam a investir o mínimo em segurança para seus computadores e negócios na internet. Quando menos se espera, um vírus invade o PC e põe tudo a perder ou, se conectado à conta bancária sem a necessária segurança, um “assalto virtual” pode zerá-la. Há fraudes, há golpes de todos os tipos, mas, interessante é que funcionam mais com aqueles que confiam em “laranja madura à beira da estrada” ou que procuram levar vantagem em tudo, não deixando de acontecer também com os que tratam a internet como parque de diversões, onde se diverte sem maiores consequências. Não se nega e nem se condena seu aspecto lúdico, mas há que considerar que, enquanto muitos brincam, outro tanto vê isso como oportunidade para suas ações maléficas. Até aquele ou aquela que procura um par para suas aventuras, ou quiçá, para um relacionamento sério, deve considerar que, do lado de lá, nem sempre pode estar o que se procura, mas o que deve ser rejeitado. Nesse aspecto, considere-se, em primeiro lugar, a aproximação física entre duas pessoas, ainda que previamente conhecidas. Nem sempre o resultado é o melhor; muitas decepções acabam por impossibilitar até eventuais amizades. O que se esperar, então, de contatos virtuais, nos quais o imaginário pode falar mais alto que a sinceridade?
Depois de todos esses pontos negativos, pode-se argumentar que fica anulado o que se disse da internet, no primeiro parágrafo. Não, não é por aí que se conclui, pois a realidade sempre se mostra com duas faces e, na verdade, quem determina a qualidade da internet somos nós. Ao falar de qualidade, constata-se que alguns empreendedores digitais primam pela vaidade, falsidade, desinformação e exagero em suas divulgações, além de agressões grosseiras à Língua Portuguesa. Essas manifestações são lamentáveis em todos os aspectos, mas destaque-se entre estes o da língua, pois em se tratando de país onde pouco se lê, onde não se dão os devidos cuidados no seu ensino – vide o medo da redação no ENEM e nos vestibulares – textos mal escritos, exercem efeito multiplicador, estimulando a produção de outros iguais ou piores. O Português ocupa a sexta colocação entre as línguas mais faladas, no mundo (pela ordem, as primeiras são o Chinês, o Espanhol, o Inglês, o Híndi e o Árabe). A comunidade lusófona (falantes do Português) engloba 255 milhões, dos quais 220 milhões são brasileiros; maioria esmagadora. É grande responsabilidade, não devidamente cumprida pelo Brasil, que leva os lusitanos a duras críticas, temendo pela deterioração da língua cuja paternidade lhes cabe.