Espero não muito incomodar, por sair algo um pouco fora da linha, ao abordar assunto no qual fui envolvido, mas é que se trata de algo a depor contra a minha imagem, construída ao longo de mil e quatrocentos artigos já publicados nesta coluna, durante os últimos trinta e dois anos. Quem me lê é testemunha, não ter sido poucas as vezes que critiquei o sistema político-partidário, que brinca de governar este país grande, bobo e, muitas vezes, irresponsável.
Enquanto outros países têm crises como eventuais sobressaltos em oceano, mais ou menos tranquilo, o Brasil navega em águas constantemente revoltas, com tempo apenas para suspiros, de vez em quando. É a corrupção a minar esforços e corroer resultados, impedindo que sucessivas gerações se conscientizem de suas responsabilidades, na base da construção do bem-estar coletivo. Quando se pensa ter conquistado o poder de dominá-la, há os que se valem das próprias leis, engendradas ao gosto conveniente ou mal interpretadas, para proteger parcela significativa dos corruptos, a classe política. O que se pensava ser a extirpação da corrupção era apenas um paliativo, para enganar o corpo da nação, pois o mal continua entranhado.
Continua entranhado nos partidos, açambarcadores do poder que, de acordo com o conceito de democracia, cabe ao povo. A democracia nasceu sem partidos e deles não necessita, para que a política seja bem conduzida. Eles, sim, no sistema pluripartidário, necessitam dela, mas a fecham para si, dentro de uma espécie de rodízio de acesso ao poder; no sistema unipartidário, a matam, para que uma só facção governe! No primeiro caso, o povo é enganado; no segundo, é oprimido.
Vozes podem se levantar: no Brasil, há imprensa livre, temos liberdade de opinião e somos livres para ir e vir. Ó simplórios! Esses ditos direitos não são mais que acessórios! A verdadeira democracia é muito mais! Os partidos roubam tudo do cidadão, até o direito de votar que, no Brasil é obrigação. Que ninguém duvide, pois podem roubar até seu nome.
Acabo de vencer uma ação, na Justiça, contra o Partido Progressista – PP, justamente por este ter “roubado” meu nome; isso mesmo, eu que abomino qualquer partido político estava na lista de afiliados, há alguns anos, sem nunca ter assinado uma ficha de inscrição naquela coisa. Como descobri? Muito simples. Tenho o hábito de, periodicamente, entrar no Google e fazer uma varredura em torno do meu nome. Mediante esse procedimento, já detectei alguns pilantras, que tomaram para si textos e trecho de textos, por mim publicados. Fico até lisonjeado, porque se usam ou tentam usar textos meus é porque são de boa qualidade! Mas, eu não estou aí para dar guarida a safados! Nesses casos, não fui pelo caminho judicial; entrei em contato com os “autores” e lhes mostrei o caminho da decência. Gostando ou não da reação, atenderam-me.
Mas, ao descobrir meu nome numa lista partidária, não tive dúvidas: o caminho é a Justiça. Em âmbito municipal, o partido nem mais existia, razão pela qual, a ação se voltou para a área estadual. Da parte dos advogados do partido muito lero-lero se produziu, na tentativa de enrolar, impressionar e fazer crer que aquela entidade teria mesmo conseguido minha assinatura de afiliação. Entretanto, a prova mesmo, o documento físico com a minha assinatura, preto no branco, ninguém apresentou; e não havia como apresentar, porque eu nada havia assinado para qualquer partido. Houve interposição de recurso e, nele, chegaram a me insultar, pois alegaram que eu teria me afiliado, mas, depois de publicar o livro DEMOCRACIA ABERTA JÁ, teria voltado atrás e feito a denúncia contra o partido; gesto covarde, próprio dos que se sentindo incapazes de defender sua posição partem para o ataque grosseiro, visando amedrontamento ou desmoralização do oponente. O fato é que defendi o meu direito junto à Justiça e o tive reconhecido, não obstante toda a força política por trás daquela enganação junto ao público. O número de cidadãos afiliados de forma fraudulenta, em qualquer dos partidos, deve ser grande e conta com a complacência do “deixa pra lá”, muito próprio da cultura tupiniquim. O aqui narrado é apenas um grão de poeira porque, na verdade, PARTIDOS POLÍTICOS JÁ FIZEREAM MAL DEMAIS À HUMANIDADE!