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Ponto de Vista do Batista
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Nem pé na porta, nem fechamento do Congresso

Diante do impasse em que se vê a nação brasileira, algumas vozes estão a se manifestar sobre a mobilização popular, classificando-a como “golpista”, insultando-a como “baderna”, “bando de desordeiros”, tentando pinçar, dentre ela, alguns a serem processados como promotores de “atos antidemocráticos”. 
Os rótulos vão totalmente contra a natureza do movimento e comportamento dos manifestantes, pois não há desordem, não há quebra-quebra e ninguém se esconde atrás de máscaras, tendo, sim, a Bandeira Nacional, a cobrir-lhes os ombros, como identificação do que defendem e do que reivindicam. Não necessariamente entre os manifestantes, mas, aparentemente do seu lado, alguns defendem solução á força, antes de falida a pacífica, e outros insinuam que parlamentares são dispensáveis e o Congresso poderia ser fechado. Nem pé na porta e nem tranca no Congresso devem constar no discurso de quem, pelo menos, pensa em democracia, ainda que não a plena como deveria ser. Os políticos são necessários, os parlamentares são necessários e as casas legislativas, não necessariamente físicas, como hoje, porém virtuais, como poderão ser, no futuro, são indispensáveis. Para se ter o regime democrático, no qual todos os cidadãos são participantes das discussões e das decisões coletivas, o povo necessita de representantes, bem qualificados, é bom que se diga. A democracia direta, sem representação política, é inviável, especialmente em países como o Brasil, mais de duzentos milhões de habitantes. No sistema político vigente, o que sobra e é dispensável são os partidos políticos, que podem ter sido úteis, no passado, mas, hoje, não passam de grupos que dominam, amarram o desenvolvimento, atrelam a coisa pública aos seus interesses; tudo isso mediante a manipulação do povo, que seria soberano se não fossem eles, os partidos. A única coisa a impedir que se pratique, que se viva a democracia, de fato, são os partidos políticos, por mais paradoxal possa parecer. 
O que acontece no Brasil comprova o que se diz aqui. O povo se manifesta, ordeiramente, sem qualquer tipo de violência, há mais de trinta dias, ao sol ou debaixo de chuva, dia e noite, mediante sistema de revezamento e… onde estão os partidos? Onde está a maioria dos políticos (parlamentares). Apenas uns poucos destes últimos mostram a cara e fazem algo em consonância com os manifestantes, sob risco de ações persecutórias, sem base legal, a partir de quem deve guardar a lei. A própria imprensa, que deveria ser a caixa de ressonância da opinião pública, faz o jogo da inversão dos fatos, para confundir ainda mais os mal-informados. 
Dizem que a nação está dividida ao meio, mas onde está a outra metade? Pela lógica, à parte vencedora caberia estar nas ruas a comemorar o resultado das eleições. Entretanto, tal comemoração não houve, à exceção dos presídios e dos refúgios dos bandidos do narcotráfico. A parte considerada vitoriosa não foi vista, nas ruas, nem antes e nem depois das eleições. Como então o país está dividido ao meio? Separado do povo, o visível nas ruas e o ocupado fora delas, o que sobra são a imprensa subserviente, políticos vendidos e a militância correspondente, sob orientação do governo paralelo e seu pharaó. Portanto, a nação brasileira não está dividida ao meio. Dela destoa apenas pequena parte, bastante danosa e barulhenta, ávida pelo domínio completo do todo, a qualquer preço! A nação está unida e, por incrível que pareça, com um pé dentro da democracia aberta, a verdadeira. Só falta a extinção dos partidos políticos e estruturação do novo sistema, que só podem ser alcançados mediante nova constituição.
Especula-se sobre a natureza do movimento, descentralizado, sem lideranças e tão coeso, em todo o país; como se consegue? É um dos lados positivos da internet, das redes sociais e da tecnologia em que se assentam, quando utilizado com sabedoria em busca do bem. Contudo, as gigantescas manifestações, que se sucedem, não surgiram espontaneamente do nada. Sem que o grande público percebesse, muitas experiências silenciosas as antecederam, com grupos menores e em grandes cidades, como São Paulo, por exemplo. As experiências deram certo e o resultado delas está aí. É o povo a fazer política, como deve ser feita, sem partidos políticos e de forma educada, civilizada. Que venha a DEMOCRACIA ABERTA, já!

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