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Ponto de Vista do Batista
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História sem Ali-Babá

Você, acostumado a ler esta coluna todas as semanas, deve ter se intrigado com a falta na semana passada. Quem pensou ter o autor “batido com o rabo na cerca”, enganou-se. Quem pensou ter sido censura acertou! É gente, o bicho tá pegando. A censura chegou e está entre nós! Fico devendo o “Ponto de Vista nº 1985”; quase coincide com o título do livro “1984” de George Orwell. Interessante, não? A quem se interessar pelo “refugo” eu o remeto por via eletrônica. Basta pedir pelo e-mail notlyn@outlook.com. O e-mail junto ao título está bloqueado, mas eu o mantenho por outra questão.
Pois é! Se quisesse ir tocando o baile com a mesma música de antes, até 31 de dezembro de 2022, teria que baixá-la de tom e me afinar com a orquestra; estou desafinado! Nesse baile, todo o mundo “tem qui tá c’os homi”; tudo vermelho com bolinhas da mesma cor! Eles são tudo “bunitim”, “bãozim”, “legalzim”. Se disser o contrário, posso ir parar no xilindró! Por isso, nada de estar contra “os homi”! Não mais posso contar histórias do Ali-Babá, mas, outras, como a que segue. Antes, no entanto, quero comentar como pode ter início uma narrativa distorcida de fato ocorrido. Com relação ao último texto publicado, leitor criticou-me o fato de, segundo ele, eu haver romantizado, enaltecido ou aplaudido a violência e o vandalismo, o que nunca fiz nesses 34 anos de colunista, completados em janeiro último. Ainda bem que ele fez contato direto comigo, o que me leva a presumir que não tenha disseminado seu equivocado julgamento aos quatro ventos. 
Bem, vamos à historinha, de autoria não mais lembrada, lida há muitos anos. 
Era, mais ou menos, assim: “perdido lá nos confins do mundo havia um pequeno reino, governado por reizinho muito mal-humorado, razão pela qual era mais que temido. Suas palavras, por piores que fossem, eram leis rigorosamente cumpridas. Parece que ele próprio já tinha medo dos marimbondos a povoar-lhe a mente, pois, em certo dia despachou enviados para todo o mundo com ordens para levar até ele um bom contador de histórias. Mas, já foi logo avisando: se a história não lhe agradasse, o narrador seria degolado. Depois de algum tempo, chegou o primeiro a encarar o desafio. Ele começou seu trabalho, mas não foi muito longe; foi degolado! Veio o segundo e terminou como o primeiro. Veio o terceiro, veio o quarto, o quinto e mais vários outros, para terem o mesmo fim. Em certo dia, bateu à porta do palácio um homenzinho, muito magro, aparência humilde, semblante triste de poucas palavras e olhar fixo no vazio. Tentaram demovê-lo da ideia, mas somente balançava a cabeça, em negativa às sugestões. – Coitado! – diziam. – Com este o degolador não terá trabalho; o próprio rei torcerá seu pescoço, como a um frango! Contudo, o homenzinho iniciou sua tarefa: ‘A história que conto é de um hortelão, que tinha a seu serviço um grupo de homens, que mantinham suas hortaliças livres de ervas daninhas; mas isso custava dinheiro, e o hortelão era um “mão-de-vaca”. Observando as formigas, ele teve uma ideia: foi a um feiticeiro e obteve uma parceria das formigas, na manutenção da horta. Fechada em pequena caixa de vidro, ele recebeu do feiticeiro uma formiga a ser colocada em local específico da horta, segundo orientação daquele. Ela daria início ao trabalho que, de fato, começou. Ela carregou uma folhinha para longe dali. Logo em seguida veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra formiga e carregou outra folhinha. E veio outra….’ o homenzinho continuou a história.”

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