Segundo informações vindas da Europa, os britânicos estão mais sorridentes e seus programas de televisão ganharam ares mais alegres. É que, nesta semana, na Inglaterra, tem início a vacinação contra a COVID-19, fazendo aquela população entrar num novo estágio de combate à pandemia e na expectativa de, com ela, abrir caminho para libertação de todas as imposições adotadas como defesa ante à ameaça do novo coronavírus. Espera-se que não se frustrem os súditos de sua majestade, a rainha Elizabeth II, pois isso representaria o mesmo para boa parte do mundo, incluindo-se o Brasil, candidata a ter a mesma vacina para a sua população.
A insuficiência de conhecimento científico sobre o novo coronavírus, as apressadas pesquisas, mais as consequentes produção e aprovação, sob pressões políticas de todos os cantos não recomendam confiança absoluta em qualquer vacina, no momento. Qualquer vacina antes de um ano do surgimento de sua necessidade suscita mais dúvidas do que confiança e esta, em início de aplicação, é um recorde (cuidado com o “récorde” global!) que, dificilmente, será batido na área! É engraçado, mas crê-se que a maioria deseja sucesso para a vacina, muito mais contra as restrições que a COVID-19 impõe, do que contra a própria doença.
As medidas, politicamente, adotadas no combate à pandemia polemizaram-se ao redor do mundo, gerando desconfianças contra governos e atritos no âmbito de organizações internacionais. Na verdade, muito se proibiu e se proíbe, muito se restringiu e se restringe, mas nenhuma certeza há nessas medidas contra a pandemia. Essas medidas afetaram, seriamente, a economia mundial, gerando legiões de desempregados com prementes necessidades, muitas vezes atendidas em filas de sobrevivência. A melhor forma de combater a pandemia ainda são os cuidados individuais, começando por hábitos saudáveis, que inclui alimentação mais natural e higiene constante.
Dentro desta pandemia, a solidariedade humana, somada à simplicidade, se mostra mais produtiva e eficiente do que a cara burocracia oficial, da qual inescrupulosos já se valeram para se locupletar. Enquanto o mundo científico se desdobrava e se desdobra para conhecer a origem da COVID-19, para que esta seja combatida com eficácia, o mundo político, já dividido por natureza, se fracionou ainda mais, cada grupo com sua própria visão e medidas personalistas a se impor sobre a população assustada. Incerteza e desconfiança se estabeleceram onde deveria haver esperança!
Que se faça, agora, uma comparação entre o momento em curso e o vivido, entre 1918 e 1920, quando grassou a pandemia da gripe espanhola. O planeta abriga, atualmente, cerca de 7,7 bilhões de habitantes, dos quais, 66,0 milhões contraíram a COVID-19 e algo além um pouco de 1,5 milhão morreram em consequência da doença, até esses últimos dias. Em 1918, a população mundial estava em torno dos 2,0 bilhões, dos quais, cerca de 500,0 milhões sofreram a gripe e 50,0 milhões morreram. Alguns registros admitem a hipótese de o número de mortos ter atingido a marca dos 100,0 milhões. Veja-se que o impacto humano, logo após o término da Primeira Guerra Mundial, que produziu cerca de 20,0 milhões mortos, foi imensamente maior em 1918/1920, com mais doentes e mais mortos, tanto em números relativos quanto em números absolutos, mesmo considerando que a atual pandemia ainda não completou dois anos. Observe-se ainda que, entre os óbitos registrados, não poucos são de causas diferentes, mas rotulados como COVID-19, por razões não muito claras. Indiscutivelmente, o impacto maior da COVID-19 se dá na economia, que evoluiu de local para global, nestes últimos cem anos, muito embora cada perda de vida seja irreparável, no universo dos sentimentos humanos. Quanto à gripe espanhola, a insuficiência de recursos médicos em muito contribuiu para a escalada dos números, mas a menor mobilidade humana, naquela época, deveria ter evitado o alastramento da doença; no entanto, não evitou.
Contudo, as consequências da pandemia, de há cem anos, não foram piores, porque a qualidade dos ´políticos àquela época era menos ruim. Se a fosse a mesma dos de hoje, a espécie humana poderia ter desaparecido da face do planeta ou ter se reduzido ao mínimo.