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Ponto de Vista do Batista
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Estamos todos no mesmo barco XXIV

Fico a imaginar a realidade diversa ou diferente para cada indivíduo, embora sob circunstância ampla e comum a todos. É o caso desta pandemia, a cobrir todo o mundo, lotando hospitais com pacientes em busca de socorro e cura, embora se saiba que nem todos podem alcançá-la, ainda que muitos esforços nela se concentrem. Em razão do perigo de contaminação em larga escala, a ponto de se exaurir capacidade dos hospitais, deixando pessoas doentes entregues à própria sorte, o mundo precisou impor o distanciamento entre as pessoas e o recolhimento em domicílio, cessando atividades, paralisando fábricas, fechando lojas. 
Além da doença em si para muitos e da morte para os menos resistentes, trouxe também o medo, a angústia e o desespero, este último em razão da carência gerada pela cessação do trabalho. A crise gerada pelo novo coronavirus, na economia, causou perda de renda aos mais bem situados, mas, grande parte da população perdeu toda ela, impossibilitando pagamento das contas de rotina e até a compra de alimentos. Muitos passaram a depender da rede de solidariedade que, espontaneamente, surgiu como suporte à sobrevivência escorada no básico.  Imagino que devam ser inúmeras as formas de sofrimento da legião de pessoas, vitimadas direta ou indiretamente pela COVID-19. Não dá para avaliar o que vai no íntimo de cada um, cada qual atingido de uma maneira, até mesmo com o sofrimento absorvido de terceiros; isso mesmo, insano porém detectado em pessoas, cuja sensibilidade chega a deixá-las doentes ao verem o sofrimento de seu semelhante. 
Lembro-me de um caso desses com origem na tragédia do “Bateau Mouche”, barco que naufragou em pleno “révèillon”, no Rio, noite de 31 de dezembro de 1988. Segundo noticiário da época, série de irregularidades, uma delas, superlotação do barco, teria causado a tragédia, na qual morreram mais de cinquenta pessoas. Conhecido meu, longe do cenário do desastre, entrou em choque, não dormiu naquela noite e passou todo o dia primeiro do ano a chorar e sem se alimentar. Seguiu-se a isso um estado semidepressivo, por vários dias. Entre as vítimas nenhum parente ou conhecido seu, que explicaria porém não justificaria aquela dor psicológica. São facetas da natureza humana, muito comum em uns, embora a muitos outros possa parecer estranho e, às vezes, julgadas como fraqueza.  Pessoas com essa característica estão entre as que mais padecem, durante esta pandemia, ainda que não contaminadas pelo novo coronavírus. Por isso requerem mais atenção dos familiares e, possivelmente, acompanhamento médico, evitando-se assim agravamento do estado mental, que não se descarta em razão de este estado de coisas poder perdurar por longo tempo. 
Países, onde se pensava estar a pandemia controlada, intentam retomar medidas de precaução, desta vez com mais rigor, uma vez constatado o aumento do número de novos casos de COVID-19, o que pode ser indícios de segunda onda. Segundo registros, a Gripe Espanhola (1918-1920), pandemia anterior cujas características mais se aproximavam da atual, veio em três ondas consecutivas, destacando-se a segunda por ter sido a mais arrasadora. Ao contrário daquela época, ainda carente de recursos médicos contra tais doenças, o estágio atual da ciência médica proporciona grandes esperanças ao mundo, mas mesmo assim, não se pode marcar no calendário, quando a COVID-19 estará sob controle definitivo. Nem mesmo com as anunciadas vacinas se pode dizer estar o perigo afastado, a partir da distribuição entre a população. O fato de o novo coronavírus ser ainda pouco conhecido é motivo para não se esperar muito delas; podem ser um tiro no escuro! Se não erro de diagnóstico, os ainda poucos casos de reinfecção anunciados são indícios de que o novo coronavírus é mais resistente do que se pensa; e podem as vacinas não surtir o efeito esperado. E aí neném, que fazer? 
Por tudo isso aqui considerado, conclui-se que o melhor remédio é prevenir-se, é não se descuidar, é não se deixar adoecer. O jeito é usar focinheira em público, bisnaguinha de alcoolgel, no bolso, para o caso de uma emergência, manter o distanciamento social e não entrar em ajuntamento de gente.

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