Conforme já dito, há males que vêm para o bem. É o caso desta pandemia que, embora venha a enlutar muitas famílias em todo o globo e tenha devastado a economia, pode abrir as portas à humanidade para uma nova visão da vida; vida que, sem descartar conquistas materiais, avanços tecnológicos e conforto, redescubra os verdadeiros e mais profundos valores do espírito humano. Sim, porque o indivíduo e a coletividade podem ter o melhor para si, em tudo que busquem e para o qual se capacitem, desde que suas aspirações não suplantem o ser em sua identidade com todas as qualidades, que lhe são inerentes, mas, infelizmente, abafadas pelo ter material.
Forçadas pelas circunstâncias adversas pessoas, em todo o mundo, experimentaram ou ainda experimentam o isolamento social, condição que permite recolhimento e reflexões. Isso as tem levado a rever posições diante da vida como indivíduos e como personagens participantes do drama humano. Numa girada pelas redes sociais, sites e blogs, na internet, é possível coletar estudos, depoimentos, impressões e informações sobre o como e quanto a pandemia tem contribuído para mudanças de atitude, para melhor, depois de considerados e analisados vários pontos da situação. Sabendo-se que a situação de pandemia não atinge a todos de forma igual, sendo o impacto diferenciado em vários aspectos, pode-se afirmar que os resultados também serão, possivelmente, os mais variáveis.
Ocorre-me, agora, caso pessoal de cidadão, na Espanha, durante o auge do distanciamento e isolamento social. Ao contrário do que acontece, no Brasil, na Espanha houve fase em que o cidadão ficou proibido de botar a cara fora de casa, exceção feita em casos muito especiais. O cidadão, em questão, sentia-se como trancafiado atrás das grades, desesperado e à espera do alvará judicial, que o libertaria. Ele era criador de pássaros e, naquela situação, percebeu o quanto prejudicava as aves, tirando-lhes a liberdade de voar. Não teve mais dúvidas: abriu todas as gaiolas, liberando seus ocupantes e. para dificultar a reincidência, quebrou-as também!
Esta é apenas uma lição, a ser assimilada e que, aplicada, resultará em melhor interação com a natureza, mais respeito à diversidade biológica. A impossibilidade de trabalhar e assim gerar recursos, para o próprio sustento, levou e leva muita gente à penúria, o que tem despertado sentimento de solidariedade em outros menos impactados. As pessoas têm chegado à conclusão de que o compartilhamento pode ser a garantia de sobrevivência, estando em grupo, este por sua vez, igualmente, sob os riscos que representam a pandemia; nem o orgulho e nem a insensibilidade social merecem ocupar lugar na mente, de quem quer que seja, nos momentos de sofrimento em comum. Descobre-se que estamos todos em rede, não importa a condição social, uns a depender dos outros!
De acordo com especialistas, o novo coronavírus/COVID-19 pode ser alerta sobre a possibilidade de outras pandemias, ainda mais devastadoras, o que deveria colocar lideranças mundiais e governos locais em permanente estado de alerta e, ao mesmo tempo, fazê-las assumir e desenvolver políticas concernentes à saúde pública. No campo individual, a imunidade é fator a receber atenção especial, sabendo-se que ela se constitui em estado preventivo contra infecções, embora a população, nem sempre, esteja consciente disso. O brasileiro, ao longo do tempo, vem se descurando de sua imunidade com o desvio de uma alimentação regular e natural para o consumo de alimentos inadequados à uma dieta satisfatória, que deveriam ser tomados, eventualmente, para satisfazer o paladar. A exemplo de outros modos, copiados do estrangeiro, o brasileiro refuga produtos naturais locais, costuma fazer pouco da culinária nacional, para ingerir alimentos estranhos, pouco nutritivos, e adotar pratos de outras culturas e natureza climática adersa. Para o bem da saúde, é preciso aprender que alimentar-se não é questão de vaidade, nem somente de satisfazer ao paladar e de encher o estômago.