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Ponto de Vista do Batista
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Estamos todos no mesmo barco XX

Vive-se 2020, ano plenamente atípico, situação que poderá perdurar por mais um ou dois períodos iguais, a depender do quadro evolutivo da pandemia ou seu comportamento em relação às vacinas em fase desenvolvimento. A verdade é que não há uma base onde se assentar qualquer exercício de previsão sobre os próximos dois ou três anos, uma vez que pouco se sabe, ainda, a respeito do novo coronavirus, não se descartando nem possível e nova forma de ataque, ou seja, outra doença altamente contagiosa.
Em todo o mundo, cientistas estão recolhidos, em laboratórios, a conduzir pesquisas em torno do diminuto e invisível, porém poderosíssimo, ser, que, até agora, pouca coisa revelou de sua verdadeira natureza. Se revelada, o mal já teria sido dominado! Enquanto isso, a vida segue, a trancos e barrancos para muita gente, doentes isolados em domicílio ou internados em hospital e também não doentes, porém atingidos pela grave crise econômica decorrente da pandemia; meio pedra/meio tijolo para parcela menos numerosa, que perdeu renda mas ainda consegue sobreviver; e sem muitas alterações para uns poucos.
Felizmente, incluo-me entre os últimos. O fato de ter saúde razoavelmente boa, viver a faixa etária mais avançada e, por isso, não necessitar de sair para trabalhar; somado ao de residir em Cachoeira do Campo, clima saudável, sem excesso de poluição, sem aglomerações, vivemos em mais segurança com relação à COVID-19. Praticamente, a única alteração para nós é a focinheira, colocada quando, eventualmente, pomos os pés na rua e que nos assemelha aos bandidos do faroeste, prontos para assaltar a diligência! Afora isso e os devidos cuidados, lá fora, a rotina não foi alterada.  Enfurnar-se dentro de casa é para onde há o risco de se meter em aglomerações, mesmo involuntariamente, o que não acontece aqui, onde caminhadas podem ser feitas, isoladamente, cumprindo assim a necessidade de exercícios físicos, ao ar livre. Medo é sentimento agravante da situação, que deve ser substituído por cuidados especiais, como a higienização mais frequente das mãos, não entrar em aglomerações, não ter contato físico com outras pessoas, manter dieta regular e saudável, além de fazer o repouso noturno.
Entretanto, em conversa com alguém, falei uma grande bobagem, da qual me penitencio. Falava-se do avanço da pandemia e suas consequências, quando eu disse que o ano 2020 já estava perdido. É uma conclusão totalmente falsa. Se há perdas, também há ganhos. Com exceção das vidas humanas, perdas sempre irreparáveis, perdas em outros setores da vida tendem a nos parecer maiores, no momento, mas, no futuro, saldo positivo poderá ser constatado. Momentos difíceis aguçam a inventividade e criatividade, razão pela qual pode-se esperar por muitas mudanças positivas, algumas das quais em estágio experimental antes mesmo da pandemia. Contudo, mudanças mais esperadas dizem respeito à saúde pública, setor que passa por uma prova de choque e, na medida que a traquinagem política permite, tem cumprido muito bem seu papel. Diz a sabedoria popular que “há males que vêm para o bem”. Com todo o sofrimento e transtornos que tem causado, a COVID-19 tem levado todo pessoal com ela envolvido, na missão de cura e salvamento, a reagir e provocar suas competências e potencialidades, no sentido de resolver problemas. Muitos erros há e isso é compreensível, mas, sabe-se ao mesmo tempo, que soluções têm surgido dentro desse processo, na ingente tarefa de minorar sofrimento, dar conforto e promover a cura.
Depois de toda essa verdadeira guerra, quando as contaminações se reduzirem ao estágio não mais alarmante, quando os hospitais se aliviarem da alta demanda, quando menos lágrimas rolarem em decorrência da pandemia, o Brasil estará mais fortalecido na área da Saúde. Contudo, há que também sanear o setor político, para que os resultados esperados na Saúde Pública se confirmem.  Quanto aos que se locupletam à custa do sofrimento e do tombamento de vidas alheias deveriam ser julgados por um tribunal de guerra.

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