Não obstantes os esforços humano/científicos, na tentativa de obter pleno domínio sobre o novo coronavirus, as medidas mais controversas de origem política com pretensões ao controle da pandemia, tudo isso misturado pela desinformação de parte da grande mídia com clara intenção de confundir a opinião pública e tornar as populações mais vulneráveis aos interesses de, não se sabe bem, quem, a pandemia segue seu curso devastador. Até janeiro/2021, a pandemia alcançou 192 países, não descartando nem o Reino do Butão, pequeno e exótico país com pouco mais de 735 mil habitantes, incrustado aos pés da cordilheira do Himalaia, entre a China e a Índia.
Tendo um turismo rigidamente controlado e turistas escolhidos a dedo, que entram no país por meio de a apenas duas companhias aéreas locais, único aeroporto, a partir de cinco países da região, ainda assim o Butão chegou a 858 contaminados pela COVID-19, entre os quais uma vítima fatal. Embora pobre, pelos padrões ocidentais, lá o turismo está em nível de caviar; farofa nem pensar!
Como o vento, que sopra sem se importar com o que encontra à sua frente, a COVID-19 avança sobre todo o planeta, vitimando pessoas, sem olhar a que grupo étnico ou socio-econômico-cultural pertencem. Não importa que medidas se tomem em nível governamental e coletivo, conforme já demonstrado ao longo do primeiro ano, em qualquer parte do mundo. O mal continua a avançar, inexoravelmente, contra a saúde pública e a vida humana! De tudo o que se viu até o momento, depreende-se que a prevenção está no nível individual, cada qual a cuidar de si próprio e dos que o cercam, enquanto que a cura cabe a uma política de bem-estar, plena e abrangente, levando-se em conta as peculiaridades dos estratos sociais em que pode se dividir uma população. Entretanto, a densidade demográfica, fator de risco sempre em ascensão nos grandes centros urbanos, obriga aos governos que se tomem medidas, em nível coletivo com forte, porém necessária, intervenção no direito individual. Assim é que o uso da máscara, auxiliar no bloqueio da transmissão, bem como o distanciamento entre pessoas, idem, se constituem em estorno à vida de cada um, mas é o preço a ser pago, numa sociedade que se quer solidária, muito mais num momento como este, quando o egoísmo é mais nefasto à saúde de cada um.
Quanto ao “fique em casa”, a qualquer preço, revelou-se, ao contrário do anunciado, mais um gosto totalitário, que pouca ou nenhuma influência teve sobre o controle da pandemia, mas onerou a economia como um todo. De um lado, notadamente entre médios e pequenos, os negócios a se esboroar; do outro, a inquietação, a angústia, o desespero, a depressão e até a fome entre os enclausurados pelo clima de pânico estabelecido, quando tranquilidade e clareza de pensamento é o que se requer nesses momentos. A incoerência se mostra frequente nas ações de alguns agentes políticos, o que traz ainda mais insegurança à população. Veja-se, por exemplo, o caso da antecipação de feriados que se fez, ano passado, numa unidade federativa, sob a justificativa de reduzir, por alguns dias consecutivos, as aglomerações nos locais públicos. Tudo bem, de acordo com o “fique em casa”, já que o feriado, de fato, retira pessoas das ruas. Entretanto, quando se compara com o cancelamento do feriado de carnaval, recentemente anunciado, para alcançar os mesmos objetivos, o raciocínio lógico entra em parafuso. Cancelando o feriado, mantem-se a população nas ruas e, pior, nos transportes coletivos, onde o distanciamento entre pessoas é impraticável, conforme já demonstrado em sucessivas e fracassadas experiências. Não seria mais correto manter o feriado e coibir eventuais, teimosas e arriscadas aglomerações com propósitos carnavalescos?
Por aqui, não se faz melhor para se conter a pandemia. A incoerência local está nas restrições às atividades laborativas e liberdade às farras noturnas. Nos fins de semana, durante toda a noite, ouvem-se veículos e bandos ruidosos de pessoas a circular. Aonde vão ou de onde vêm, não estarão ou não estiveram a rezar, mesmo porque templos de todas as correntes religiosas estão fechados. Os notívagos não dormem, não deixam dormir e contribuem para maior disseminação do novo coronavirus. Não se entende o porquê de se liberar a noite, sem máscara e sem distanciamento, quando se sabe estar aí a maior oportunidade de transmissão da doença Além dessa oportunidade, noitadas, falta do repouso regular, tão necessário ao organismo, e bebida alcoólica constituem caminho para a baixa imunidade, principal fator a facilitar a contaminação pela COVID-19.