Em meio à expectativa, muita discussão, esperança e uma pontinha de temor, teve início, finalmente, a vacinação contra a COVID-19 que, no Brasil, já infectou mais de oito milhões e levou à morte cerca de duzentos e quatorze mil brasileiros. Embora grande parte da população espere ficar livre da doença e ver o fim da pandemia, o mais rápido possível, sabe-se que não é bem assim. Mentiras engendradas, por interesses políticos, em lugar da informação honesta à população são, na maioria das vezes, a causa de falsas expectativas.
Na verdade, todas as vacinas, agora em aplicação, são emergenciais e não definitivas, como o são as demais vacinas conhecidas por todos. Com o devido respeito ao trabalho de todos os cientistas e pessoal envolvidos no desenvolvimento delas, e, para que pessoas mais simples entendam, as vacinas não passam de um “quebra-galho” ou, na visão de saudoso amigo, uma “gambiarra”! Não que assim seja, por vontade do pessoal da ciência que, a bem da verdade, trabalhou e trabalha contra o tempo e na queima de etapas, sob muita pressão de fora para dentro da área científica.
Assim sendo, que todos, desejosos de tomar a vacina e optantes por não tomar, tenham e continuem a ter saúde, para ver e ouvir em que tudo isso vai dar. Felizmente, não prevaleceu a ideia da vacinação obrigatória, germinada na cabeça de alguns que pensam tratar-se a população de rebanho de bovinos, acuado no curral. Pena é que tais vacinas não sirvam no combate ao patrulhamento ideológico, outro mal que grassa na sociedade brasileira, levando-a á divisão, à dissensão com teorias negativistas relativas à própria formação da nacionalidade brasileira. É feito por grupos que procuram e acreditam ter encontrado pelo na casca do ovo! Pior ainda é que outros juram ter visto o mesmo apontado pelos primeiros!
Embalados por acontecimentos, lá fora, onde a história se processou de forma diferente, esses grupos agora surfam a onda do racismo. Ainda que completamente fora de questão, fatos e coisas são arrolados como frutos do pensamento racista e daí avançam contra a liberdade dos que não pensam como eles. O hino do Rio Grande do Sul tem como letra este belo poema: Como a aurora, precursora/Do farol da divindade,/foi o Vinte de Setembro/O precursor da liberdade./Mostremos valor, constância,/Nesta ímpia e injusta guerra,/Sirvam nossas façanhas/De modelo a toda a Terra./Mas não basta pra ser livre/Ser forte, aguerrido e bravo;/Povo que não tem virtude,/Acaba por ser escravo./Mostremos valor, constância,/Nesta ímpia e injusta guerra,/Sirvam nossas façanhas/De modelo a toda a Terra. Pois bem, na solenidade de posse dos vereadores de Porto Alegre, alguns deles permaneceram sentados, recusaram-se a cantar o hino e o denunciaram como de cunho racista, só porque diz “Povo que não tem virtude,/Acaba por ser escravo”. “Acharam” o pelo procurado!
Custa-se a acreditar que pessoas, presumidamente inteligentes (pelo menos foram eleitos vereadores de uma grande capital) tenham chegado a tal conclusão.
Na acepção escravagista não cabem somente os negros, pois na Roma antiga, havia escravos loiros, de olhos azuis, capturados durante as guerras de conquista. Mas para vereadores gaúchos escravo é sinônimo de negro! Quanto a ser escravo, não sabem eles que pode ser de natureza diversa, não se resumindo à propriedade e exploração de um ser humano por outro. É justamente o que diz o hino em questão: o povo pode se tornar escravo da tirania do estado, se não dotado de virtudes. Se não dotado de virtudes, o indivíduo pode ser escravo da ganância, do vício, das ideias e pensamento de terceiros, como parece ser o caso de alguns edis da Câmara Municipal de Porto Alegre. Então, para ser escravo não precisa ser negro, branco, amarelo ou qualquer outra cor.
Basta ser gente, porém desprovida dos mais nobres sentimentos e princípios, que caracterizam o ser humano. Também não é somente aquele explorado por meio do trabalho por seu semelhante, pois pode ser escravo de ideias, pensamentos e de coisas. Entre as coisas está, atualmente, o celular do qual muita gente não se desgruda, nem para comer ou para dar/receber um bom-dia. Ocupa-se de ver/ouvir fofocas, disseminar mentiras, destruir a vida alheia, mas não se lembra de fazer contatos úteis e necessários, usando a mesma engenhoca que tanto ama. São os escravos modernos.
De volta ao tema principal, lamenta-se pelo povo de Porto Alegre, que perdeu ao eleger tais vereadores. É o preço pago por se ter este sistema político-partidário, que elege qualquer coisa.