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Ponto de Vista do Batista
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Estamos todos no mesmo barco XIX

Nestes momentos de tanto sofrimento de internados, em hospitais, sob os cuidados de pessoas também propensas ao contágio por força profissional, acompanhados, de longe, por familiares, amigos, conhecidos, companheiros de atividades, que sofrem a angústia do distanciamento e do medo do contágio, surpreendemo-nos com a atitude negativa de pessoas, que chegam a desejar morte ao seu semelhante.
É de estarrecer a atitude de alguns que, a despeito de estarem sob os mesmos riscos, erguem sua voz, publicamente, a desejar que a fatalidade atinja alguém por meio da COVID-19. Ainda que não previsto no Código Penal, não seria isso uma velada ameaça de morte? Não seria, nesses casos, crime não consumado, apenas porque faltou a mão executora? Ninguém está obrigado a gostar e se relacionar com as pessoas “A”, “B” ou “C”, independentemente de sua posição sócio-política-econômica mas, ao mesmo tempo, não tem o direito de execrá-las, publicamente, ou desejar-lhes a morte só porque não lhes vota nenhuma simpatia. Nossa avaliação de cada pessoa, que eventualmente conhecemos de perto ou por referências, varia da simpatia mais apreciada à maior antipatia possível, sendo isso uma dedução apenas nossa, que não nos dá direito a qualquer atitude, ainda que restrita à palavra, contra a pessoa em foco. O não apreço a um semelhante, por motivo indireto e até sem motivo, pode fazer parte da vida de qualquer um. É muito comum ter-se aversão a alguém, gratuitamente, sem que esse alguém dê algum motivo, mas isso não pode convertê-lo em inimigo; e nem ao inimigo uma pessoa tem o direito de desejar o mal ou a morte. Não importa a condição social e o poder, que uma ou ambas as partes possam ter.
A comunidade humana necessita da participação de todos; cada indivíduo é importante e deve colaborar, dentro de sua área, com seus meios suas atividades, para que se contenha o avanço do coronavírus e a fatalidade dele decorrente. Se alguém não pode ou não quer dar sua colaboração, que se cale e se recolha à sua insignificância! Se não atrapalha e não tumultua, já está a colaborar!
A bagunçar o cenário e causar revolta na população, já chega a corrupção desenfreada por parte de políticos, que nunca tomam vergonha na cara e se revelam desumanos, desviando recursos destinados ao combate à pandemia; já bastam os confrontos político-partidários e ideológicos, próprios deste sistema espúrio, em lugar do debate pró salvamento de vidas humanas; já nos bastam os desacertos nos ditos protocolos aplicados para a circulação do público em público; bastam, igualmente, as fraudes em atestados de óbito para engrossar as estatísticas da COVID-19; basta a dor aumentada pela proibição de se velarem os mortos; basta também o confinamento compulsório a causar outras doenças, regidas pelo medo, pelo pânico e pelas necessidades a crescer dia-a-dia; basta o sofrimento de milhões desempregados, desorientados quanto à própria sobrevivência e de suas famílias; a completar a safadeza de políticos corruptos, basta a corrupção de indivíduos, que se inscreveram e receberam auxílio emergencial por meios fraudulentos, além de outros que, simplesmente, desviaram o pão da boca de miseráveis.
Cara pálida! Não percebe que já morreu gente demais e os números se aproximam, rapidamente, da centena de milhar? Por favor, que ninguém peça mais mortes! Em vez disso, faça como o urso; vá hibernar! Esqueça-se do mundo por uns tempos! Quando passar a pandemia, o mundo será outro, com outros olhos para a vida, outros meios de vivê-la e as pessoas com outros sentimentos em relação ao semelhante. Aí você poderá voltar do sono, talvez menos amargo, menos rancoroso, menos hostil, sentindo-se gente como a gente!

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