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Ponto de Vista do Batista
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Estamos todos no mesmo barco XCVI

Por Nylton Gomes Batista
Diz-se, frequentemente que “desgraça pouca é bobagem”: e isso se confirma, enquanto o mundo, embora de forma menos agressiva, ainda se vê às voltas com o novo coronavírus e consequente COVID-19. Não bastava a pandemia, que já causou tantas mortes! Havia que fator sangrento desse sua contribuição para mais óbitos. Os últimos dias trouxeram notícias e relatos sobre mais uma guerra, travada lá nos confins do mundo, segundo visão que se tinha, no passado, porém, hoje, nem tão distante assim. 
O ser humano, tão inventivo, capaz de resolver problemas complexos, sensível até às lágrimas diante   do belo e da dor, dotado de auréola angelical, pode ser também tão estúpido e cruel como o diabo. No segundo caso, sua primeira característica é a hipocrisia, que o faz sentar-se sobre o próprio rabo e tentar cortar o de outrem. 
O que acontece agora é a repetição da história ou, mais precisamente, é similar aos fatos de 1962, quando a então União Soviética estava a montar uma base de mísseis em Cuba, no nariz dos Estados Unidos, que reagiram pronta e energicamente. O quiproquó foi grande e dos mais enervantes; troca de acusações, insultos de ambas as partes e a possibilidade iminente do uso de armas nucleares. Ao fim de algum tempo, a URSS recuou, botou o rabo entre as pernas e se foi. Aquela era uma briga de cachorros grandes, cada qual a saber, perfeitamente, o que estaria a enfrentar, no caso de eles chegarem às vias de fato. Por isso, além dos fortes latidos, cada um permaneceu no seu quadrado e nada aconteceu. Desta vez, um pequinês mal orientado, queria se aliar à matilha contrária ao seu vizinho, o mesmo “buldogão” que teve que fugir em 1962. Ora, se em 1962, teve que renunciar ao seu intento, porque o outro grandalhão se sentiu ameaçado, por que, agora, teria ele que conviver com o mesmo perigo ao seu lado? O vizinho, embora pequeno e fraco, persistiu em seu insensato desafio e o caldo entornou de vez. Talvez esperasse que ajuda efetiva chegasse de fora, da sua pretensa matilha, que passou a latir e uivar, fortemente, mas de longe. É covarde a agressão do cachorrão? É! Mas foi o pequinês que provocou. O triste e cruel de qualquer guerra é o fato de serem provocadas por políticos, sempre acobertados por partidos, mas quem “paga o pato” é o povo, em sua maioria, inocente! 
Afora a guerra, fato importante foi o carnaval, que não houve, mais uma vez, a não ser pelo clandestino, levado a débito de irresponsáveis, sempre a contrariar o bom senso e vontade da coletividade, à qual até mesmo governantes se curvaram, ouvindo-lhe o clamor. Mas, outra coisa, uma curiosidade no campo astronômico/litúrgico, merece consideração. Creio que, pela primeira vez, ou uma das poucas vezes, o carnaval caiu dentro da fase minguante lunar. A grande maioria nem percebeu, pois não tem esse conhecimento, mas o carnaval é festa, que se realiza durante a fase da lua nova, quando a partir do seu desaparecimento do céu inicia outra fase crescente. Na manhã, 5h00 da terça-feira do carnaval recente, a lua surgiu como fino arco de luz, no leste, em seu último dia de minguante, e, a lua nova foi no dia seguinte, quarta-feira de cinzas, dia dois de março. O carnaval se dá na lua nova porque a Páscoa é fixada no primeiro domingo, logo após a primeira lua cheia depois do equinócio de outono (20 de março no hemisfério sul). Por isso é que, na noite da Sexta-feira da Paixão, quando não chove, há sempre um belo luar, pois a lua cheia se dá naquela semana, até sexta-feira. Neste ano, entretanto, a lua cheia é no sábado, dia seguinte à Sexta-feira da Paixão. A Páscoa cai no limite, dia imediatamente seguinte à primeira lua cheia deste equinócio de o outono, o que fez a terça-feira de carnaval se situar um dia antes da lua nova. 
Ao falar de “equinócio”, observo que muita gente o confunde com “solstício”. O prefixo “equi” significa equilíbrio ou igualdade, o que vale dizer que o termo se refere ao outono ou à primavera, estações de clima temperado. Ao equinócio de outono, 20 de março (no hemisfério sul, onde está o Brasil) corresponde o equinócio da primavera, no hemisfério norte. “Solstício” refere-se aos extremos do clima, ou seja, solstício de inverno, em 22 de junho (hemisfério sul) corresponde ao solstício de verão (hemisfério norte), invertendo-se essa posição em 21 de dezembro, quando o inverno se instala no hemisfério norte (solstício de inverno) e o verão se instala, no hemisfério sul (solstício de verão). Por isso, quem viaja a países do hemisfério norte e não quer sofrer o choque do frio intenso ou do calor excessivo, é bom escolher a primavera ou o outono, pois tanto aqui quanto lá ocorre um clima temperado.

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