Por Nylton Gomes Batista
A pandemia desarranjou projetos de vida, enlutou famílias, causou tristezas destroçou parcialmente a economia mundial. Contudo a vida continua e, por ela, a luta também. Muitos estão a reconsiderar seus hábitos e modos de vida, outras formas de trabalhar se descobriram e novos negócios surgiram, para provar que sorrisos pode haver, ainda que precedidos de lágrimas.
Embora abalado, às vezes enganado, o mundo continua vivo, sobretudo por meio do trabalho, dos estudos sérios, tendo à frente espíritos dedicados, indômitos, na busca de soluções para problemas comuns a toda a humanidade. Sabe-se, por exemplo, que grande problema, até agora praticamente insolúvel, é o lixo e sua destinação. Consomem-se grandes somas para descartá-lo e ele ainda continua a ser problema crescente, porque o lixo se avoluma com o aumento da população e, paradoxalmente, com o desenvolvimento. No sentido oposto ao lixo há o problema da energia, cada vez mais escassa, à medida que o mundo cresce e se desenvolve.
Felizmente, não só de lágrimas e corrupção é feito o dia a dia dos brasileiros. É o que comprova notícia que vem do Rio Grande do Sul, onde pesquisadores de tecnologias, mediante estudos chegaram à conclusão de que quase 100% do lixo pode ser transformado em combustível. O resultado da pesquisa é como a descoberta de grande jazida de ouro, considerando que, a cada dia, o mundo produz mais lixo e, até o momento, seu descarte representa grande ônus que, com a descoberta pode ser convertido em bônus.
Segundo dados da ONU, a questão ambiental requer menos lixo no planeta, mas ele só aumenta com as cidades a produzir cera de 1,3 bilhão de toneladas de resíduo sólido; e esse volume tende a crescer, podendo chegar a 2,5 bilhões até 2025. Como resolver isso? O mais importante dessa novidade é que não se trata de apenas teoria, pois a primeira fábrica já vai se instalar, na cidade de Gravataí-RS, com base na Tecnologia Termoquímica Catalítica, junção de várias outras tecnologias, que resulta na produção de diversos derivados do petróleo, incluídos gasolina e óleo diesel.
Vamos, agora, ao passado, 13 de julho de 2019, edição nº 1347, quando se concluía, aqui, uma série de cinco artigos intitulada “Ensaio de futurologia”. Com base no avanço tecnológico, que se processa a passos rápidos (em “ritmo de Brasília” dir-se-ia no tempo da construção da “nova capital”) Segue entre ´parênteses trecho do artigo (Ainda de forma incipiente, sob a iniciativa de alguns, a reciclagem promete se transformar num grande ramo industrial, para o qual nada se perderá, porém tudo se transformará. A pressão pela máxima preservação da natureza e dos seus recursos, de um lado, e a imperiosa e mais racional destinação do lixo produzido, de outro, determinarão o reaproveitamento ou reciclagem de todo material rejeitado. Na prática, será o fim do lixo, assim hoje conhecido, ou sua redução ao mínimo. Dá para perceber que a consequência imediata poderá ser o desmantelamento da estrutura de limpeza pública nas administrações municipais; isso porque, sendo o material descartado a matéria prima da indústria da reciclagem, caberá a esta a coleta do hoje considerado lixo, produzido nas residências e nas vias públicas. Forçosamente, haverá uma inversão na remuneração em torno do destino de todo o material, pois ao invés de receber da administração pública, como hoje ocorre com as empresas terceirizadas da limpeza urbana, as futuras empresas pagarão à administração pública; sem emprego de dinheiro, para reduzir as chances de corrupção. Mediante contrato em que não entrará dinheiro, as empresas do setor pagarão pelo material recolhido (incluindo-se entulho) com prestação de serviço, na manutenção da limpeza das vias públicas, limpeza dos cursos d’água no perímetro urbano, manutenção de jardins e poda de árvores. O descarte de materiais específicos, como os eletro e eletrônicos, por exemplo, poderá ser feito por livre acordo entre descartador e empresa recolhedora).
Veja-se que, no empreendimento gaúcho, pode estar o início do novo processo de descarte, recolhimento e destinação do lixo, aqui previsto há quase três anos. Ganhará o meio-ambiente, especialmente por se livrar do maior vilão, o plástico; ganharão as administrações municipais, que se livrarão de um oneroso abacaxi; ganharão as populações, que passarão a viver em ambiente mais limpo; ganhará a economia com novas atividades produtivas, num processo reversivo.
Felizmente, ainda há gente que pensa e trabalha neste país!