Embora sob menor risco de contaminação, são os jovens os mais prejudicados pelas restrições decorrentes do combate à pandemia, ainda que alguns tenham um comportamento irresponsável e contribuam com a tragédia, desprezando toda e qualquer medida de segurança. Contudo, há que reconhecer o grande sacrifício imposto à grande maioria, ainda na idade da exploração do muito que a vida pode oferecer, aí incluídos o entretenimento e prazer próprio dessa faixa etária.
Crianças e adolescentes nem referências próprias têm, às quais recorrer em momentos de troca de informações, ao contrário das faixas mais avançadas que se refugiam em lembranças de suas experiências de vida. É assim que esses últimos vivenciam o momento atual, recorrendo às lembranças para amortecer, pelo menos em parte, angústias em curso. Ainda que privilegiadas por situação financeira mais confortável, outrora, famílias celebravam as festas natalinas com o sentimento, ou seja, com o próprio ser em sua essência interior e não com o ter material adquirido. Por isso, presentes eram, quase exclusivamente, para as crianças, forma simbólica de presentear o recém-nascido Jesus. Antes de se transformar nesse velho ridículo, que só sabe dizer rô rô em suas aparições comerciais, Papai Noel era uma fantasia, no imaginário infantil, que premiava o bom comportamento e a prática de boas ações. Calor humano, solidariedade e fraternidade configuravam-se nas trocas de pratos de doces e outras iguarias, por cima das cercas (de bambu, em sua maioria) divisórias dos quintais. Produzia-se, às vezes, um tipo de doce em casa, porém, comia-se de diversos, em razão da rede de troca, comum em todo o ano, porém bastante mais intensa nas festas de fim de ano.
Numa comunidade como a cachoeirense, então do tipo rural, carente de tudo no plano coletivo e mais ainda no plano individual, as dificuldades que eram imensas se compensavam com muito calor humano. Nas ruas, sem calçamento, o mato crescia a ponto de se fazer lenha, em alguns pontos; a iluminação pública era precária e mais eficiente no período das chuvas, quando havia mais água para mover a modesta usina local; na escola, só não faltavam a competência, o esforço, boa vontade e dedicação das professoras, às quais cabia a responsabilidade de prover até a água para beber. Ao falar em água, registre-se que a grande maioria das casas não era servida por água encanada, pois esse serviço era restrito a uma minoria, que podia custear a instalação doméstica. Pela manhã e à tarde, eram comuns as filas diante dos diversos pontos, onde uma torneira pública abastecia as latas dos moradores; daí o samba carnavalesco, “Lata d’água na cabeça, lá vai Maria, lá vai Maria…!”, fenômeno comum em todas as comunidades pobres. Nossa família morou, durante bom tempo, em casas sem água e sem luz; aliás a própria rua de uma delas era desprovida de rede elétrica.
Na semana passada, o texto provocou reações de surpresa: “chão de terra batida?”, “colchão de palha?”. Piso assoalhado (tábuas largas, pois taco ainda era desconhecido) era coisa de rico. Os ditos remediados, que também não eram muitos, moravam em casas com piso de tijolos requeimados. Quanto ao colchão de palha, que parece ter assustado muita gente, digo que só deixei de dormir num, ao fim da adolescência.
Essas podem ser referências de muitos, que já viveram, em circunstâncias humildes, porém mais tranquilas e menos impositivas. Nem de longe, algo os levou a suspeitar que ainda vivenciariam momentos angustiantes e excludentes em função de um medicamento. São gratas lembranças a disfarçar a indignação suscitada pela manipulação e terrorismo psicológico, instrumentos da tirania política, que varre o mundo em nome de uma segurança sanitária, mas, certamente com outros propósitos em si mesma. A batalha travada em torno da obrigatoriedade da vacina, pretendida pelos que invadem a competência profissional médica, estaria em plano baixo se o pensar estivesse acima do simples acatar o comando dos que pretendem obter a subserviência do povo. Vacinar-se, ou não, cabe a cada indivíduo decidir, conforme preceitua o princípio da liberdade. Antes que sua causa fosse plenamente conhecida, combateu-se a COVID-19 com vacinas experimentais. Depois de “vacinado”, o mundo tem mais de um milhão de contaminados, em 24 horas, marca não atingida nem no auge da pandemia, quando ainda não se aplicavam as vacinas. Ainda assim, ainda insistem na vacina obrigatória, querem a segregação dos não vacinados, incluindo-se aí sua exclusão do mercado de trabalho, comportamento muito semelhante ao do regime nazista, em relação aos judeus e que levou o mundo à Segunda Grande Guerra. Por essas razões, os mais jovens são os mais prejudicados pela pandemia e correspondente insanidade política!