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Ponto de Vista do Batista
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Estamos todos no mesmo barco LXXXVII

Para quem lê, já se passaram alguns dias e já é 2022, mas, hoje é Natal! Lá fora um dia cinzento, silencioso, diferente de muitas manhãs natalinas já vividas, cheias de sol e bulício infantil em torno dos brinquedos ganhos, na noite anterior, e sua exibição aos amiguinhos. Esta manhã parece simbolizar a frustração dos que pensavam em festas de “révèillon”, sem restrições e prenúncio de folia carnavalesca totalmente liberada, um todos os sentidos. Os que assim pensaram deram “c’os burros n’água”, pois a pandemia anuncia que está de pé e já iniciou nova rodada na Europa, onde as populações revivem momentos de aflição, angústia e as incertezas quanto ao futuro imediato. Informa-se que, somente na Inglaterra, mais de cento vinte mil de novos casos da COVID-19 surgiram nas últimas vinte e quatro horas. A maior empresa aérea alemã viu-se forçada a suspender suas operações, pois nem pilotos tem em condições de trabalhar. E as vacinas? Pois é, na própria Alemanha, antes do surgimento da variante ômicron, um grande e famoso restaurante viu-se forçado a cerrar as portas, pois grande parte de sua equipe, toda vacinada, teria se contaminado pela segunda vez. 
Conforme dizemos desde o início desse flagelo, a luta contra o novo coronavírus vai perdurar por algum tempo e queira Deus que, um dia, ele seja dominado, pois, mesmo assim, é possível que perdure, de forma isolada, em pontos esparsos ao redor do mundo. O recrudescimento da pandemia no hemisfério norte pode ser, em parte, atribuído ao inverno que, mesmo antes de sua entrada oficial, apresentava baixíssimas temperaturas e muita neve. Por aqui o ômicron apresenta-se menos voraz, como é o caso do sul de Minas, única região do estado onde há casos da variante, vinte e oito ao todo, felizmente, todos a receber tratamento em domicílio. A doença reduziu seu impacto ao mínimo, que ainda não pode dispensar cuidados, mas, no Brasil, não se sabe o que é pior, a COVID-19 ou os políticos. Um desses chega a sugerir decretação do fim da pandemia, o que seria uma temeridade, pois baixo número de casos não representa o fim.
Vejam-se casos de outras partes do mundo, onde a doença parecia sob controle e hoje estão de volta aos picos de 2020. Enquanto isso, outros (políticos) da mesma linha ideológica fazem o contrário contra pequenos empresários e cidadãos que, por conveniências pessoais não se vacinaram. Em Fernando de Noronha o governo pernambucano determinou o fechamento de uma pousada; no Rio, segundo noticiário da internet, uma senhora e filha de 10 anos foram expulsas de hotel, onde se hospedaram enquanto marido e pai estava em viagem a trabalho. Em ambos os casos, Fernando de Noronha e Rio, os incidentes tiveram origem no fato de as vítimas da arbitrariedade oficial não terem apresentado prova de vacinação. Ó caras-pálidas, estão doidos ou bêbados, hein? Não existe lei que obrigue (exceção às vacinas infantis) qualquer cidadão a vacinar-se contra a COVID-19, mesmo porque todas elas ainda estão em fase experimental; são usadas emergencialmente, porque são o único recurso específico. Em linguagem popular qualquer delas é “quebra-galho”, com grande poder de acerto, claro, mas é “quebra-galho”. 
Esse é o clima do Natal 2021! E qual será o dos próximos? Dentro da faixa de grande risco, acima dos 80 anos, porém com muita tranquilidade e confiança, agradeço a Deus por muitos fins de ano já vividos, às vezes muto pobres, porém sem as ameaças de agora, a pairar sobre os iniciantes na jornada da vida. O Natal era precedido de muita arrumação, a partir do chão de terra batida, recomposto nessa época; colchões, que eram de palha-de-milho (matéria-prima abundante em Cachoeira) tinham o recheio renovado; e diversos outros arranjos se faziam para que tudo tivesse cara de novo, ao chegar às festas do Natal e do Ano Novo! Na cozinha, a mamãe preparava, com amor, dois ou três tipos de doce, dos mais comuns: de arroz, o mais presente, escolhendo-se outros entre mamão, figo, coco e laranja-da-terra. Eram os doces da consoada, celebrada no dia 24 de dezembro, cujo prato principal era o pescado, especialmente o bacalhau (nada de carnes de animal de sangue quente nesse dia), regado a vinho. Naquela época, no meio rural jantava-se até às cinco da tarde, no máximo, mas à véspera do Natal, o jantar ou ceia podia ser servido mais tarde, pois ninguém se recolhia antes da Missa do Galo, iniciada, pontualmente, à meia-noite!

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