Pois é, gente! Democracia, certamente, não é essa coisa que nos empurram, goela abaixo, há séculos, por meio dos partidos que se apoderaram do direito inerente ao povo e configurado nas palavras dem(o) + cracia, que significam povo + poder, gerando o conceito segundo o qual democracia é “governo do povo” “governo em que o povo exerce a soberania”, “poder nas mãos do povo”. Veja-se que, na palavra democracia, de origem grega (Grécia antiga), a mesma da democracia, não se vê a palavra partido.
Os partidos são instituições relativamente novas, primeiramente na Inglaterra, criadas por políticos quando o poder dos monarcas, que era absoluto, passou a ser dividido com o parlamento. Crê-se que, no início, cada um deles representava, de fato, a vontade de respectiva parcela da população. Era humanamente impossível que toda a coletividade pudesse debater e decidir, eliminando, assim, suas angústias, conquistando melhorias para as condições de vida, buscando o desenvolvimento, enfim, trilhando o caminho da evolução do povo em todos os aspectos. Os partidos eram então necessários e ouviam os cidadãos, procurando com eles se identificar, de acordo com seus ideais políticos. Com o passar do tempo, a esperteza e a sede de poder a tomar mais espaço na mentalidade dos políticos, gradativamente, os partidos inverteram a relação, deixando de ouvir o cidadão, para seduzi-lo com suas ideias e se transformar em grupos disputantes pelo poder. Do serviço ao povo passaram a se servir do povo!
Com o povo privado de educação e de muitos outros direitos, bastando dizer que, no Brasil, o direito ao voto só foi garantido à mulher mediante a Constituição de 1934, os partidos políticos avançaram e se tornaram os “donos do poder”. Esse caráter de agremiações focadas em si mesmas e no poder, tendo o povo como mero trampolim, foi denunciado por Simone Weil, filósofa francesa, de família judia, em notas datadas de 1940, já em pleno avanço das tropas nazistas sobre a Europa. Na visão da filósofa, os partidos “são máquinas de produzir paixões coletivas; são organizações construídas para exercer pressão sobre cada um de seus membros; têm como finalidade única produzir seu próprio crescimento.” Ela ainda acrescenta: “Graças a essas três características, todo partido é totalitário em germe e em aspiração”. Quanto ao tamanho aspirado por qualquer partido, Simone Weil deixou registrado: “Nunca se conceberá que, em algum momento, um partido tenha um número excessivo de membros, de dinheiro, de votos.”
Se é necessário governo, todo e qualquer povo merece ser governado por sistema desatrelado de qualquer grupo de qualquer natureza, uma vez que governo deve ser sempre voltado para o todo, para que seja menos injusto, menos falho, menos discricionário, mais humano. Para que isso seja possível torna-se impositivo que todas as tendências, preferências e ideais políticos estejam diluídos, na sociedade, e não destacados por meio de grupos ou partidos políticos.
Com a eliminação dos partidos, os agentes políticos passam a responder diretamente ao eleitorado que, além de elegê-los, passa a fiscalizá-los e destituí-los, em caso de erro grave ou pouca produtividade. Se, no passado, não havia como o eleitorado acompanhar e cobrar dos políticos, daí a razão dos partidos, hoje o atravessamento destes está superado por tecnologias que podem colocar o eleitor em contato direto com aqueles. Somente assim poderá o eleitorado influir nas discussões e decisões, dentro dos parlamentos, nos três níveis. Os parlamentares passarão a respeitar a vontade popular, não tendo mais que responder e atender a interesses e conveniências de grupos. A oposição, tão destacada como valor da democracia, não se fará entre grupos, porém em relação aos assuntos em pauta. O executivo, nos três níveis, não mais terá que fazer barganhas para viabilizar sua administração.
PARTIDOS POLÍTICOS JÁ FIZERAM MAL DEMAIS À HUMANIDADE!